o pinto de viragem da literatura lusa
Já havia, e há que tempos, a literatura dita «ligth».
Os puristas dizem, aliás, que sempre a houve, que sempre existiu.
Por qualquer razão – algumas más-línguas insinuam que a designação é, muitas vezes, usada por alguns que, porque vendem menos, cultivaram uma espécie de distinção literária, (oh a inveja, a inveja, a inveja…) relativa a outros que vendem mais que eles...
Que é «ligth», juram os eruditos e complicados, a literatura de uns quantos que facilitam os objectos literários que produzem. E chamam-lhes margaridas rebelo pinto do nosso contentamento de consumidores românticos, pimba (e cito este nome com os complexos todos que advêm do facto de nunca ter lido duas linhas desta muito vendida autora, a não ser, as referências que um académico escreveu acerca do auto-plágio que nela – sua obra – se encontra amiúde, figura de estilo utilizada para dizer que, grosso modo, a autora parece que copia postas inteiras das suas obras, e utiliza-as livremente em livros posteriores, mudando porventura a pontuação e, aqui e ali, para disfarçar a prosa, os nomes das personagens ou terras ou mesmo situações);
- E vieram, ainda coisa pior, os livros de uns quantos jornaleiros do mundo mais ou menos desportiveiro, contar as suas aventuras de figuras públicas que vivem nas paginas dos diários desportivos, como se fossem coisa escrita na primeira pessoa;
- E a seguir, porque já dava para isso, algumas personalidades do chamado jet-7, derramaram com estrondo e capas de revistas, a sua vida nos escaparates das livrarias de supermercado, como se fossem as novas aventuras da carochinha;
- E, finalmente, chegou a aventura última do mundo literário, a revolução das letras, talvez o pinto de viragem para um novo devir literário. A obra chama-se EU, CAROLINA e já está à venda... Saiu das entranhas de uma mulher que ficou conhecida por ser namorada de um dirigente futeboleiro.
Eu ainda não consegui ver o livro à venda (sob a chancela, calcule-se, da D. Quixote) mas sei que sim, que até o Procurador-geral da República o leu.
Neste país de misérias, onde ser-se namorada de presidente de futebol já dá honras de páginas de imprensa, há já espaço para que se escreva acerca da vida íntima mantida com alguém conhecido, mostrar fotografias desse tempo a esmo, mais os fac-similes de recados deixados em cima do aparador das suas vidas, onde se confessam crimes que, dizem, só o amor levou a que se cometessem.
Neste país do vale tudo, só falta o ex-namorado ofendido vir reivindicar parte da receita da venda da obra, argumentando que o foco do interesse geral é a sua pessoa, e que o livro vive das fotos onde ele posa e dos bilhetes íntimos que a sua mão escreveu.
Qual é a percentagem que merece?
Os puristas dizem, aliás, que sempre a houve, que sempre existiu.
Por qualquer razão – algumas más-línguas insinuam que a designação é, muitas vezes, usada por alguns que, porque vendem menos, cultivaram uma espécie de distinção literária, (oh a inveja, a inveja, a inveja…) relativa a outros que vendem mais que eles...
Que é «ligth», juram os eruditos e complicados, a literatura de uns quantos que facilitam os objectos literários que produzem. E chamam-lhes margaridas rebelo pinto do nosso contentamento de consumidores românticos, pimba (e cito este nome com os complexos todos que advêm do facto de nunca ter lido duas linhas desta muito vendida autora, a não ser, as referências que um académico escreveu acerca do auto-plágio que nela – sua obra – se encontra amiúde, figura de estilo utilizada para dizer que, grosso modo, a autora parece que copia postas inteiras das suas obras, e utiliza-as livremente em livros posteriores, mudando porventura a pontuação e, aqui e ali, para disfarçar a prosa, os nomes das personagens ou terras ou mesmo situações);
- E vieram, ainda coisa pior, os livros de uns quantos jornaleiros do mundo mais ou menos desportiveiro, contar as suas aventuras de figuras públicas que vivem nas paginas dos diários desportivos, como se fossem coisa escrita na primeira pessoa;
- E a seguir, porque já dava para isso, algumas personalidades do chamado jet-7, derramaram com estrondo e capas de revistas, a sua vida nos escaparates das livrarias de supermercado, como se fossem as novas aventuras da carochinha;
- E, finalmente, chegou a aventura última do mundo literário, a revolução das letras, talvez o pinto de viragem para um novo devir literário. A obra chama-se EU, CAROLINA e já está à venda... Saiu das entranhas de uma mulher que ficou conhecida por ser namorada de um dirigente futeboleiro.
Eu ainda não consegui ver o livro à venda (sob a chancela, calcule-se, da D. Quixote) mas sei que sim, que até o Procurador-geral da República o leu.
Neste país de misérias, onde ser-se namorada de presidente de futebol já dá honras de páginas de imprensa, há já espaço para que se escreva acerca da vida íntima mantida com alguém conhecido, mostrar fotografias desse tempo a esmo, mais os fac-similes de recados deixados em cima do aparador das suas vidas, onde se confessam crimes que, dizem, só o amor levou a que se cometessem.
Neste país do vale tudo, só falta o ex-namorado ofendido vir reivindicar parte da receita da venda da obra, argumentando que o foco do interesse geral é a sua pessoa, e que o livro vive das fotos onde ele posa e dos bilhetes íntimos que a sua mão escreveu.
Qual é a percentagem que merece?