quinta-feira, janeiro 05, 2017

2017

Dois mil e dezassete chegou, dizem, com um atraso de um segundo em relação à hora normal. Não sei exactamente a razão de tamanho atraso. Talvez por força do congestionamento de algum tráfego. Mas não, acho que não. É uma possibilidade a não ter em conta... Deve ter sido outra razão qualquer, a fazer com que o último dia do ano tenha tido um segundo a mais, nesta sítio da terra. Mas chegou e isso é que importa. Se este segundo não fosse coisa ultrapassável, isso é que era grave
Como sempre, onze ou doze horas antes e já a Austrália festejava a viragem. Antes, ainda, a Nova Zelândia. E depois desses, em dominó, outros lugares e os seus respectivos habitantes, até chegar a nossa vez, e, depois de nós, todos os que nos seguiram.
De dois mil e dezasseis fica-nos a memória dos tantos desaparecimentos de ídolos e heróis, (e não é sempre assim, até nos esquecermos de quase todos…) do Brexit, da vitoria de Trump, ds ameaças que se concretizarão, ou não, este ano, na Alemanha, na França, em Itália e etc...
As democracias em alerta, mostrando as suas fragilidades, o corpo consumindo-se nas suas contradições, sendo minadas por dentro, por dentro delas, fragilizando o seu, já de si, frágil equilibrio.
Para esse desiquilibrio, muito têm ajudado os desiquilibrios cada vez mais constatáveis, entre os que habitam este lugar, para os quais não é indiferente as intermináveis guerras que, um pouco por todo o mundo, se vão aporlongando ou eclodindo, fazendo-nos divergir cada vez mais, nos pressupostos bélicos, pois claro, mas também nos pressupostos éticos.
Apesar desses desiquilibrios, notáveis, ainda mais por, por estes dias, se viver o natal, essa época tão especial que convoca à desmobilização da ostentação e, contudo, a faz desencadear com o apelo desmesurado ao consumismo, ainda temos de tolerar os desvaneios dos que, ciclicamente, fazem balanços e previsões sobre o que aconteceu e o que vai acontecer.
Por cá, analisou-se o funcionamento de geringonça (é a palavra do ano, não é?) e prespectivou-se o que ela será apaz de gerigoncear neste ano recém-nascido.
Por falar em geringonça:
Numa das últimas aparições do ano, num jantar de natal partidário, lá está, o ministro dos negócios estranjeiros, julgando que não estava a ser gravado e estava, proferiu laudas ao desempenho de um seu camarada ministro, clamando que “ali o vieira da silva conseguiu mais um acordo”. E dirigindo-se ao tal vieira da silva, elogiou-o à grande e à francesa dizendo para quem o queria ouvir: “ Oh zé antonio, es o maior. Grande negociante. Era como uma feira de gado. Foram todos menos a cgtp? Parabéns”.
Apertado pela comunicação social, que não deveria ter valorizado uma gravação conseguida à margem do código de ética – mas onde é que isso já lá vai...  - disse que o que queria salientar era a dureza, a complexidade e a honradez das negociações nesses eventos, em que a Palavra era coisa bastante para fechar um contrato.
E é com estas linhas que se cozem os nossos dias.

Bom ano.