crónica da gripe
Tem sido
notícia predominante nas ultimas semanas. Com o arrefecimento acentuado que
temos vindo a experimentar, as doenças de época cresceram: constipações, gripes,
tosses & afins. Com os cortes a que estamos obrigados pela troika, mesmo se
a troika já não se passeia por cá, até no sistema de saúde ficámos depauperados
e a coisa tem sido notícia pelos piores motivos.
E agora é
isto.
A gripe fez
mais uma vítima: eu.
Esta é a
indesejada crónica da gripe.
E ela chega
pelas vias mais inusitadas. Porque pelas mais óbvias.
A minha,
deve ter chegado montada numa criança. Fui apanhado pelo vírus, de certeza, num
espectáculo para crianças que fui ver a Famalicão. Eram mais de quinhentas ou
seiscentas. As criancinhas. Pequeninas, mas com ar manhoso, de quem tem um
vírus à mão para, na primeira oportunidade, no-lo esfregar na cara. Eram daquelas
criancinhas de palmo e meio de altura, basicamente um saco com pernas de virús
e outras infecções, que me olhavam, na última fila, com ar desconfiado. Deve
ter sido quando as luzes se apagaram, que eles me lançaram os vírus, as
sacaninhas. No fim da récita, mal as luzes voltaram e as criancinhas, quase em
regime militar, dirigidas pelas educadoras, foram saínda da sala, uma teve um
comportamente estranho. Com ar enigmático, inquiridor, demorou-se um pouco mais
em frente a mim, trazendo caos à saída, como se a verificar se eu ainda me
estava a sentir bem. “Renato, vamos a saír”, disse a educadora, ou sargento, ou
lá que raio era. E o Renato recomeçou a marcha, deitando o rabinho do olho uma
e outra vez, à medida que desaparecia no nevoeiro da luz do dia que entrava
pela porta de saída.
Renato, meu
Renato. Se te apanho...
E as coisas
até estavam a correr bem. Na Grécia um partido desalinhado com as politicas
europeias tinha vencido, e vinha pondo em causa os aliceces dessa Europa do
pobrezinho mas honrado. E agora isto.
Quando a
febre subiu, a única saída era mesmo o aconchego da casa.
Mas que
aconchego? Para poupar na conta da edp os aquecedores estão nos mínimos. Foi
preciso abrir-lhes as goelas.
Depois, era
preciso verificar se havia em casa víveres para uma temporada de alguns dias.
Havia. Fruta, alguma. Alguns congelados.
Ora, o drama,
é que com o desconforto geral, nada do que existe no frigirifico me apetece. A
única coisa comestível que lá está, e que eu emborco, são, curioso, iogurtes
gregos. Comamo-los, pois. Aos iogurtes. Os gregos, esses, farão o seu caminho.
Talvez nos salvem da gripe que se abateu sobre nós. E há quantos anos. Há
quantos anos...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home