segunda-feira, maio 30, 2016

febres amarelas

Isto tem sido um fartote.
Na mesma semana, o ABC ganhou uma competição internacional em andebol, e o Sporting de Braga venceu a taça de portugal em futebol. O ABC frente ao benfica; o Sporting de Braga frente ao Futebol Clube do Porto. O ABC no pavilhão flávio sá leite; o sporting de braga no estádio do jamor.
Ambas as equipas foram recebidas na camara municipal, e receberam, nesse gesto, as honras da autarquia e, através dela, da cidade.
Uma cidade que imediatamente a seguir se fez romana, homenageando o caracter guerreiro destas equipas. Parecia de propósito.
Tratou-se de dois acontecimentos desportivos, que merecem figurar na história da cidade, e que a engrandecem de uma determinada maneira. Agora precisa-se urgentemente de alguém que fixe em literatura, tais gloriosas conquistas. Pode nem ser um autor reconhecido. Pode ser, tão somente, um daqueles autores-fantasma de que as noticias das nossas letras nos dão conta. Um autor que esteja por detrás de títulos que, realmente, nao têm nos escritores que os assinam, os seus verdadeiros autores. São mentiras para-literárias. É que por preguiça ou por falta de talento ou jogada editorial, há pseudo-autores que contratam um escritor-fantasma a quem expurgam a identidade e se servem desse construído anonimato, para assinarem a sua pseudo-obra. São imensos os casos já conhecidos. Escrevem autobiografias de jogadores da bola e até, pasme-se, teses de doutoramento.
Outros autores há, bons uns e fraquinhos outros, que fizeram o seu nome na praça e vendem como se não houvesse amanhã. José Rodrigues dos Santos é um deles. Ele que, a propósito do seu mais recente livro diz, modesto, ser a coisa-literatura que ele precisa de ler. Que, porque não encontrava nos outros escritores estímulo semelhante, obras que o entusiasmassem, começou a escrever ele próprio os livros que gostaria de ler.
Eu acho muito bem. Não li nenhum, mea culpa mea cilpa, mas muitos deles escusava de editar. Mas isso são contas para outro rosário.
Não será Rodrigues dos Santos, felizmente, a escrever sobre as vitórias do ABC e do sporting de braga, mas alguém devia dar um passo em frente.
A festa do ABC prosseguiu e este domingo, quando cerca de 40 mil pessoas festejaram a vitoria academista, manfestando-se em frente à assembleia da republica.
(...)
Ah, não tem nada a ver?
Ah, claro. Os colegios privados. É que há em portugal, por estes dias, uma verdadeira peste amarela e às vezes isso confunde-me. Na verdade, talvez não se possa chamar, com legitima propriedade, peste. Há uma tonalidade que sobressai. Daí a…
(...)
A este propósito, devo dizer que sou um feroz defensor da escola pública. Da escola grosso modo e da pública particularmente. Como da saúde. Sou, alias, por defeito, defensor da coisa pública. Mas não tenho nada contra o ensino privado, atente-se. Deve ser auditado como o público e, se lhe for reconhecida competência, autorizado. Mas priviligeando sempre a escola pública de que todos somos donos. Tal como ainda consta na Constituição, aliás. E esta convulsão preocupa-me, como não podia deixar de ser. Não por pena dos donos das escolas. Preocupa-me, outro sim, a instabilidade que a medida do governo, com a qual concordo, pode provocar nas familias dos professores, afinal o elo mais fraco desta equação, os que vêm a sua escolha diminuída e, muitos deles, o desemprego como porta de saída. E gostava, acerca disto, demonstrando consciência social, de ouvir uma palavra, por exemplo, dos colégios e dos seus donos, garantindo os postos de trabalho. Mas acho que, desse lado, e nessa matéria, será o silêncio a imperar.

Entretanto, hoje continuará, ou não, a manifestação desta febre amarela. O ABC joga em braga, outra vez contra o benfica, a decisão do campeonato nacional de andebol. De hoje nao passa. O jogo é às nove da noite. No Flávio Sá Leite. 
Eu não sou o Cristiano Ronaldo, mas parece que também estou a ter uma visão. Se logo à noite me virem de t-shirt amarela vestida, não é o que pensam...