o cartaz do bloco e etc & tal
Há coisas que podiam ser evitadas na
vida política portuguesa, de modo a não fazer ferver ainda mais a classe
política, os seus orgulhos e preconceitos, os seus egos e as suas vaidades.
O cartaz em que o Bloco de Esquerda
festeja a aprovação da adopção por casais gay, foi mais uma prova da ausência
de tacto, (quer tacto político, quer tacto estratégico, quer tacto educacional)
e foi um autêntico garrafão de gasolina no país que arde. Se festejos de tal
calibre, por mais engraçadinhos que sejam, se admitem nos caceteiros do
costume, nos que fazem da canelada a prática da diplomacia a que chamam
"musculada", num partido político sério, seja o Bloco ou qualquer
outro, não!. A não ser que os seus militantes sejam tão caceteiros como os
outros. Ora, porque conheço muitos bloguistas, alguma coisa aconteceu de errado
por aquelas bandas. Ou não.
Mandam as regras do bom senso que,
perante uma vitória histórica (que coloca a civilização portas dentro do país
retrógrado que, efectivamente, somos - não nos enganemos), manda o bom senso,
dizia, que não se festeje com altanaria, pelo contrário, que sejamos humildes,
sob pena de, numa destas marés, sem racionalidade nem inteligência, a vitória
se transforme numa derrota ainda mais humilhante. É que ela, com gestos como
este, foi já derrota, porque faz de parte da facção vencedora, uma entidade
incapaz de conviver com a derrotada, deixando-a a ferver perante a humilhação
sofrida. Daí aos juramentos de vingança, é passo pequeno, de menino.
O festejo faz-me lembrar, isso mesmo,
as tricas dos tempos da meninice, quando sem qualquer pudor nem sentido das proporções,
dançávamos em cima dos cadáveres dos nossos vencidos, seja no futebol, seja
noutras competições. Mas em crescidos, isso custa mais a a admitir. Entre
políticos, que deviam tratar com a maior elevação, as coisas que pertence ao
colectivo, ainda mais. Mesmo que os antagonistas, e perdedores no caso, mereçam
de menos essa nossa consideração. O que também não é o caso. A opinião não é um
delito, nem que estejamos errados. Delito é exigirmos que a nossa opinião,
mesmo a certa, esteja antes da opinião dos outros. A decisão pela melhor
opinião dignifica os decisores, percam ou ganhem. Quanto mais desequilibrada
for a educação, mais honrosa será a posição do vencedor.
Até porque nestas coisas de vencidos
e vencedores, tudo está no ponto de vista.
O chá nem a todos toca.
Nem o bagaço.
O presidente eleito foi na
segunda-feira, cumprir uma promessa a uma senhora com 89 anos, residente no Mar
da misericórdia do Barreiro, e levou-lhe, para, isso mesmo, cumprir a promessa,
uma garrafa de bagaço. E, diz a notícia que li no Jota Éne, bebeu um copinho
com a senhora. Mas para se dissociar da garrafosa, levou-lhe, também, um pacote
de chá de camomila.
Ou como me diziam há uns tempos, e
perdoem-me o quase vernáculo e a baixaria a que vos vou submeter, a educação
(como a cultura) é como a erecção. Quando se tem, nota-se.
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