o pau seguro e as costas
Sem querer fazer
juízos de valor, diz o povo, e com alguma propriedade, que enquanto o pau vai e
vem, folgam as costas.
Diz isto o povo a
propósito, ou tendo como ponto de partida, a coisa mais básica, mais literal
que se pode extrair desta expressão. Que enquanto o pau, depois de bater, ganha
balanço para a próxima pancada, as costas descansam, relaxam o que tiverem de
relaxar, até receberem a pancada seguinte.
A expressão,
usada em sentido político e, mais concretamente, em sentido socialista, já é
outra loiça.
Vencidas as
ultimas eleições europeias, uma espécie de vitória de pirro como alguns
comentadores se apressaram a dizer, eis que o PS entrou em disputa interna para
saber quem era o camarada mais capaz de vencer passos coelho. Não o que era
mais capaz de ser primeiro ministro. Governar com mais decência o país, não,
isso era pedir demais. Nem tão pouco isso importa, valha-nos Deus. O que importa,
divergindo de Cesariny, é quem é capaz de, no corpo a corpo, no frente a
frente, arrancar o pelo ao coelho.
E nessa luta,
seguro sente-se inseguro, e consta que tem razões para isso, enquanto que costa
lá vão andando de costas ao alto, gozando o estado de graça em que parece ter
mergulhado.
A verdade é que
dentro do PSD também a luta parece inevitável. O inenarrável rui rio, como quem
não quer a coisa, pé ante pé, lá vai fazendo o caminho, mostrando a perna aqui,
o decote acolá, e pela calada, perfila-se como o salvador da pátria, o tipo sério,
que sem projetar muito foi fazendo, capaz de fazer o que coelho promete mas não
faz.
Ou como em política,
o caminho faz-se em círculos, caminha-se a direito, sabendo ou não sabendo que
o corpo se inclina para um lado qualquer, que somos criaturas desequilibradas,
e que, por isso, querendo ou não querendo, acabamos por chegar ao mesmo rasto,
repetí-lo ad nauseum, até nós darmos conta dos nossos próprios pés tatuados no
saibro.
Há uns anos,
ficou claro, desde logo pelos debates que protagonizavam na SIC notícias creio,
que Sócrates e Santana Lopes haveriam de comer o pó que um deles faria, não
importando que fosse a frente ou atrás. E degladiaram-se. E Sócrates levou a
sua avante, ainda que com os resultados que se sabem.
De igual modo
parece escrito nos astros que rio e Costa se haverão de bater pelo mesmo púlpito,
e esse púlpito será a administração executiva do país. Depois dos abraços autárquicos
que uniram as cidades de Lisboa e do Porto, a guerra pelo palácio de s. Bento.
Entretanto, a
luta parece adiada porque há um pau a ser bramido contra as costas de seguro,
ainda que quem efectivamente folga, são as costas de rio. E as de Costa, claro,
que por enquanto não leva com a régua.
Lá chegará o
tempo.
Seguro, vendendo
cara a derrota, gostaria muito mais de ter um Agosto calminho, não com o pau de
Costa a marcar-lhe os costados, mas sim a usar o sol para lhe deixar no
lombo,mas marcas dos calções.
Mas não se pode
ter tudo.
Boas férias e nada
de escaldões.
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