plano e orçamento
Confesso que não
conheço o documento. Nem em detalhe nem por alto. Não li, não faço tenções de
ler, e só não digo que tenho raiva de quem o já fez, por cuidado pedagógico e
genuino agradecimento a quem o estudou por mim.
Confesso que li
algumas partes dele, aquelas que se inclinam sobre as questões da vida cultural
e artística da cidade.
Estou a falar-vos
do Plano e Orçamento Municipais, votados na útima assembleia municipal que
decorreu na semana passada.
Ah, claro, e o
contrato-programa do Teatro Circo com a autarquia. Enfim, coisas sem sentido
nenhum nestes tempos de salve-se quem puder, que se lixe o outro, o que
interessa mesmo é a nossa pele. Portanto, não sei muita coisa acerca dele, das
inclinações que ele manifesta, das resoluções que ele defende, dos caminhos que
aponta, etc e tal.
Em todo o caso,
sei que a proposta da maioria foi aprovada, com os votos normais da coligação,
mais os votos anormais de uma data de presidentes de junta que, como é mais ou
menos habitual, vai virando o bico ao prego na medida, ou desmedida, das suas
ambições, na esperança de salvação, isto se pensar que estão de boa fé no
projecto o que duvido, descrente que ando, ou sou, na condição humana, que de
humana tem já muito pouco... Mas haja esperança.
Não li o
documento, mas explicaram-mo. E pelo que me contam, o plano aprovado é,
essencialmente, o mesmo plano do partido socialista dos outros anos, só que
agora proposto e aprovado pela coligação. Quer dizer, onde antes havia votos
negativos, há agora proposta e aprovação; onde antes havia proposta e
aprovação, há agora votos negativos. Ou seja, a coisa é basicamente a mesma, mas
as populações na periferia da coisa mudaram e, por isso, mantendo-se a coisa,
votam de forma diferente as populações. Ou dito de outra maneira, um pouco
menos grosseira: o objecto aprovado é praticamente o mesmo, ou quase o mesmo,
mas os votantes mudaram de opinião. Aliás mudam sempre de opinião conforme
estão num dos lados da proposta, mesmo que a proposta seja exatíssimamente a
mesma.
E não é isto a
política? A capacidade de transformar a coisa indesejada em coisa desejada,
conforme estamos do lado de lá, ou do lado de cá, do poder?
Não, porra!, não
é. Política é exactamente o contrário disto. É o exercício do bem comum. Do
serviço. É a apologia do primado da coisa pública administrada com sentido
público para a felicidade do individuo.
Sob as políticas
culturais, direi alguma coisa brevemente. Deixem-me ler o documento aprovado
outra vez.
Ainda assim, e só
por curiosidade, porque é que se escreve teatro circo com TH em alguns
parágrafos do texto e sem TH noutros? É alguma mensagem subliminar? Coisa que
temos de descobrir? É Teatro Circo com tê agá quando se fala de programação e
matérias quejandas e sem tè agá quanto se fala em financiamento e administração?
Havemos de
descobrir, não é?
Que isto não é
importante. Mas ajuda a perceber como se faz um texto e um programa cultural.
Este.
Lá está. Mudou muito pouco.
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