segunda-feira, abril 08, 2013

exposições e narrativas


Nestes últimos dias, uma ou duas semanas talvez, temos de valorizar os momentos de exposição mais importantes que o país conheceu: Joana Vasconcelos, a notável e feliz emergente artista plástica da cena nacional, expõe no palácio da ajuda com pompa e circunstância, as obras mais emblemáticas da sua cosmopolita obra, depois de anunciar a participação na bienal de Veneza com um cacilheiro que já está, ou ainda está, a ser preparado numa doca qualquer; José Mourinho, à boleia do quinquagésimo aniversário, expõe, ou alguém por ele, em Setúbal, sua terra Natal, um rol de objectos e fotografias alusivos a esses, precisamente, cinquenta anos, com a benção da autarquia, fechando a badalada exposição com uma fotografia da autoria de um dos seus filhos, ou filha, colhida na intimidade da casa e no seio familiar.
Finalmente, José Sócrates, que depois de dois anos de silêncio parisiense, expôs na RTP 1 e perante mais de um milhão de espectadores, a narrativa da sua defesa. Esta exposição foi coisa apenas oral, ok, mas nem por isso menor.
Joana Vasconcelos é, como se sabe, neste momento, a artista plástica portuguesa mais conhecida além fronteiras, ou pelo menos, a artista com maior cobertura mediática neste rectângulo, por força das suas incursões várias na cena internacional. Agora regressa ao país e a um cenário especial, o palácio da ajuda, onde expõe as suas peças mais icónicas.
José Mourinho está, como se sabe, entre os mais mediáticos portugueses com visibilidade internacional, mas que mantém com o país e com a sua terra natal, uma relação publicitada na imprensa portuguesa. E uma exposição biográfica, ainda que com acento especial na sua actividade profissional, afinal de contas a razão da sua visibilidade, a propósito dos seus cinquenta anos que, como se sabe, é uma marca digna do maior respeito.
José Sócrates é, porém outra história.
Dois anos volvidos sobre o silêncio mais ruidoso de que há memória - ok, a minha memória é curta... - Sócrates regressou, à cena política e à RTP, primeiro com uma entrevista e, daqui a uns dias, ao comentário regular.
Levantaram-se as vozes, aqui del rei que o homem devia ser interrogado, pois, mas por um juiz e em sede de tribunal e não por dois jornalistas numa televisão pública, mas o silêncio re-imperou com o argumento falacioso do trabalho pro bono que Socrates irá cumprir.
Para um pais a avesso as artes da exposição, seja ela artística, filosófica o qualquer outra, nada mal, hein?