sexta-feira, fevereiro 22, 2013

o porco e o gnr


Um dia destes, um soldado da GNR, no afã de pôr uma criatura foragida na linha, pontapeou-a perante as câmaras de televisão, quando essa criatura se esquivava, ligeira, por entre dois perseguidores, humilhando mesmo um deles, que no chão, não sei se riu se chorou: a câmara da tv seguiu a criatura, abandonando o perseguidor no chão da derrota sem retorno. Uma espécie de castigo e humilhação públicos, num momento em que o meliante fugia a quatro pés. Não consta que a criatura tenha cometido qualquer crime. O crime, se de facto de um crime se tratava, foi o facto do transporte em que a criatura circulava com outras criaturas, se ter esbardanado numa curva do caminho. Entre mortos e feridos, alguns escaparam ilesos, como era o caso daquele ser apavorado. Inocentemente, ou talvez não, - porque atrás dessa viatura seguiam uns quantos autocarros cheios de professores para uma manifestação em Lisboa, e que assim sendo, fizeram marcha atrás e regressaram às suas terras de origem - os gêéneérres procuraram os sobreviventes e entre um pontapé ou uma palmada correctiva, lá cobseguiram reunir as tropas.
Mas voltemos ao pontapé da autoridade.
Importa dizer que a criatura pontapeada pelo GNR era um porco. A criatura de que falei até agora, era um porco. Ou uma porca, que a notícia, nesta matéria, era inexplícita.
Volvidas horas, uma semana, já se sabe que o senhor agente levou com um processo em cima e, dependendo do desenrolar do processo, poderá ficar sem 4 meses de salário.
Ou seja, os inquéritos fazem-se céleres desde que reportem a agressões da autoridade a porcos. Se for um cidadão cidadão, que se lixe, pode esperar. O cidadão aguenta a espera. Ai aguenta, aguenta, no dizer de senhor manda chuva de um banco, ainda por cima com um apelido sui géneris, "o rico", abrenuncia, como se nós já não soubéssemos. Pois se um sem-abrigo aguenta, ou um porco, porque é que um cidadão-cidadão não há-de aguentar?
Quem também tem "o rico" no nome é a britalar, a empresa que controla o negócio dos parques de estacionamento à superfície em Braga. Um negócio e pêras, e por várias razões: pelo preço do estacionamento, mais caro que no porto, por exemplo; pela garantia de aumento do perímetro de vinculacão contratual; porque terá, para melhor cumprir os seus lucros, uma forca policial a quem não vai pagar, a zelar pelos seus interesses, ou seja, mão de obra fiscalizadora de borla; e porque não tem concorrência de ninguém, a não ser os que controlam o estacionamento subterrâneo, que são outra empresa.
Quem perde? O cidadão que, de dia, não poderá livremente recorrer aos serviços que a cidade lhe oferece, no centro da cidade, onde o constrangimento é mais feroz; e o comércio tradicional que fica a perder, e grandemente, com o acesso condicionado.
E o que é que os porcos têm a ver com esta história? Os porcos fugidos do acidente, e as botas processadas do GNR?
Decidam vocês, que quem não quer apanhar com um processo, sou eu.