quinta-feira, janeiro 24, 2013

a princesa, a enfermeira e o hospital


Dois radialistas, no reino unido, pelos vistos (ou melhor, pelos ouvidos) australianos, resolveram divertir-se e divertir os seus ouvintes, ligando telefonicamente para o hospital onde estava internada a princesa grávida, e fazendo-se passar por sua magestade a rainha mai-lo seu filho e eterno futuro rei de inglaterra, lograram enganar uma enfermeira com nome a soar a português, Jacinta Saldanha, que lhes contou, e por eles a todo o auditório uma vez que a chamada telefónica estava a ser gravada, o melhor horário para que visitassem a princesa, e o seu estado físico e anímico.
Na verdade, nada de especial aconteceu.
Apenas uma partida inocente, na qual caíu uma enfermeira pouco expedita, que perante a possibilidade de estar a falar com a família real e, mais, com a figura maior da monarquia inglesa, sucumbiu ao charme do poder, mesmo que o poder fosse falso.
Aqui na pátria lusa, tantas vezes que isso já aconteceu, tantas vezes que tantos já se fizeram passar por outras pessoas em que nada de especial acontecesse. Olhem, veja-se o caso no senhor Baptista...
No que este caso difere dos outros, é o facto da senhora, sentindo-se ludibriada, e com ela a estrutura hospitalar que no momento representava, se ter suicidado numa rua próxima ao hospital onde laborava, deixando família e filhos.
Que estranho rebate de consciência terá vibrado naquela mulher que a levou à dramatização absoluta, corrompendo a própria vida, em resposta a um logro em que, infantilmente, se deixou enredar?
Os animadores radialistas australianos em entrevista recém produzida por uma estação de televisão, e em lágrimas, pediram desculpa, argumentaram que não era intenção sua melindrar quem quer que fosse, convencidos que estavam que a sua brincadeira seria desmontada nas primeiras palavras que eles proferisem, tamanha discrepância havia entre os sons que das suas bocas saíam, e os sons que eles queriam imitar.
A enfermeira é que não esteve pelos ajustes e acreditou piamente que, do outro lado da linha, estava realmente sua magestade.
O mundo às avessas.