balanço íntimo
Nos natais de cada ano,
entre uma refeição e outra, no pouco tempo que resta, a gente pensa na vida.
Entre o digestivo que remata o almoço e as entradas do jantar, fazemos os
necessários balanços. A gente alheia-se da conversa de sempre, ou então convivemos
com ela, pois, mas nos intervalos, pensa-se. Balança-se. Eu pelo menos.
Este Natal não foi
excepção.
E em jeito de balanço, deu-me
para comparar o que fiz nos últimos tempos. Curiosamente, os dois últimos
espectáculos que dirigi, estão nos antípodas da grandiloquência, mas não nos
antípodas a minha atenção e empenho e isso, convenhamos, deixa-me sossegado
Em Setembro, encenei a Viagem
de Inverno, de Shubert, no Teatro Helena Sá e Costa, com uma brevíssima equipa,
um cantor e um pianista, Job Tomé e Angel Gonzalez, e as diferentes linguagens
envolvias, bem entendido: a cenografia minimalista, a luz, o som, o video, etc.
No dia 21 de Dezembro, encenei e estreei na Capital de Cultura, naquele que era
chamado o espectáculo de não-encerramento, com cerca de 600 pessoas envolvida
em cena, e no espectáculo mais tecnicamente complexo em que me vi envolvido,
pela escala, claro, mas também pela dificuldade tecnológica.
Em ambos as mesmas
angustias, as mesmíssimas duvidas, as conhecidas insónias, as mesmíssimas
expectativas...
O primeiro, estava
destinado a uma pequena sala de espectáculos do Porto, teatro de escola e,
talvez, num futuro mais distante, a outros palcos e, porventura, outros países,
mas trata-se de um espectáculo de palco, intimo, simples; o segundo, estava
formatado para o Multiusos de Guimarães, três mil e duzentas pessoas a assistir
nas bancadas, mais umas centenas de milhares, através da RTP2, RTP
internacional e demais veículos de comunicação.
No primeiro, um piano
humílimo, ainda que bordejado de emoções; no segundo, uma orquestra sinfónica e
um coro imenso, e mais de quinhentas vozes na cena a entoar as canções escritas
de propósito para a coisa.
No primeiro um orçamento
quase inexistente, uma prova académica de mestrado; no segundo, um espectáculo
de encerramento de uma capital da cultura.
Mas em ambos, o mesmo
empenho.
Creio ter vencido a prova e
estar hoje mais preparado do que há uns meses.
Votos de bom ano.
Pelo menos para mim, que
mereço.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home