para o dia mundial da rádio, no dia 13
Neste dia em
que comemoramos a rádio, o mistério da rádio e a sua especificidade, uma
comemoração genérica e à escala mundial bem entendido, continuamos a assistir,
sentados, ao silêncio em prestamista da rádio universitária do minho, que há
mais de um mês, alterna entre o silêncio e a mordaça, (através da qual alguns
gemidos ainda se deixam ouvir), entre o cabresto curto e a trela
estranguladora.
E assim se
vai vivendo, nestes tempos estranhos, onde a justiça pode ser substituída pela
vontade do cidadão déspota sem que nada de especial aconteça, criaturas capazes
de impor uma lei, no caso a sua e a dos seus interesses inconfessados, da sua
lei construída e alimentada pelos tantos tratos cúmplices, que estes tempos, e
os de um antanho recente, alimentam e deixam suficientemente defendidos.
Aparentemente,
esta capa de mistério está na génese da radio. Há um mistério na radio, que
nenhuma outra forma de comunicação consegue suplantar. Nem igualar sequer.
E essa
capacidade exprime-se, consubstancia-se, na animação da voz sem corpo, da boca
sem rosto. Ou dito de outra maneira, uma boca que é rosto, uma voz que é cara,
sons que são olhos e que veêm, olhos que se dão a ver... vendo.
Com os
constrangimentos a que está exposta e, assim, imposta, a RUM está impedida, não
apenas no plano legal mas também no plano formal, de cumprir a sua função, a
função que é a sua natureza, comunicar com o ouvinte, espectador passivo que
recebe a mensagem.
O silêncio a
que está votada, ao contrário da ausência de identidade física das suas vozes,
tem responsáveis. E estes têm rosto, cartão de cidadão, nome, empresa,
empreendimento, dívidas, poucas dúvidas, chão que os sustêm, poderes que os
apoiam.
E, caramba,
eles não podem fazer tudo aquilo que lhes apetece e continuar impunes,
instalados à sombra das brechas da lei, dos compassos e pausas que a
formalidade legal obriga o tratamento destes assuntos.
Mas às vezes,
há umas janelas de oportunidade que se abrem.
Por exempo,
esta:
Vêm aí umas
eleições autárquicas. Este ano.
Não querendo
misturar alhos com bugalhos, ainda assim, não será uma optima oportunidade,
esta, de fazer pagar com os ferros adequados, as feridas que os seus ferros nos
infligiram com este silenciamento?
Numa próxima
oportunidade, falarei de nomes e responsabilidades.
Entretanto,
resta-nos ir, nos intervalos das ondas, escutando sob o lema que a RUM assumiu
desde o seu início, sacado da obra do grande Mário de Sá Carneiro, no éter, no
etéreo, com a certeza de que É no ar que ondeia tudo! É lá que tudo
existe!
Até já.
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