domingo, junho 20, 2010

na morte de josé saramago

Na sexta-feira, antes de uma reunião - era uma hora da tarde, mais ou menos – dei uma espreitadela na net: Saramago morrera. Vamos à procura de uma coisa, ou de nada, e levamos com o que gostariamos de não ouvir.

Depois da reunião e de um ensaio teatral imediatamente a seguir, e enquanto regressava a casa, às dez da noite, lembrei as conversas que tive com ele, duas, três, todas propiciadas pela amizade do José Manuel Mendes, e um jantar (e uma grande cabeçada que ele deu numa trave do tecto das escadas do restaurante, por baixo da qual eu passara com cuidado e que ele desvalorizou - Saramago era um homem alto, devia estar habituado às indispensáveis “vénias” - e que ainda hoje ecoa na minha memória) antes da apresentação de um livro. E de uma gravação que fiz de um dos capítulos do seu Ensaio Sobre a Cegueira e de que ele me mandou recado dizendo que gostara muito. E da sua autorização para que pudesse, sem complexos, fazer a adapatação para a rádio, da sua peça A Noite, que passaria na Rádio Universitária do Minho, num 24 de Abril qualquer. O que fizemos.

E lembrei-me que, fisicamente, ainda haveria, algures, em minha casa, essa memória registada. Uma cassete. Encontrei-a empoeirada num caixote esquecido. Data de 1991. Foi feita no Café Viana (passe a publicidade). Enquanto bebíamos (creio que) chá.

Descobri um leitor de cassetes que já não funcionava há tantos anos e ainda ouvi algumas palavras. Depois engoliu a fita. Consegui salvá-la das mandíbulas do malvado.

Já pedi ajuda para que aguém me ajude a salvar a velha gravação.

Mas se souberem de alguma solução, avisem-me.

Agradecido.