sexta-feira, maio 21, 2010

morreu PAULO EDUARDO CARVALHO

"Não é só a revolta por uma vida roubada, mas também por tudo de que ficamos privados com o desaparecimento dele", disse Ricardo Pais, sobre quem Paulo Eduardo Carvalho escreveu uma monografia em 2006."Era uma figura discreta, judiciosa, absolutamente tutelar em vários sectores. Entre o trabalho que realizou, está a monumental monografia que me dedicou [“Ricardo Pais - Actos e Variedades”, edição Campo das Letras; Porto, 2006], que, creio, lhe demorou cinco anos [a fazer], e que é um bom exemplo, quase uma síntese do modo como ele encarava a investigação académica no sentido britânico do termo"."O Paulo Eduardo Carvalho dedicava à investigação uma grande generosidade e respeito. Tinha um temperamento muito vivo, por vezes mesmo agressivo nas suas convicções. Era uma personagem exemplar”, rematou.

Maria Helena Serôdio, que orientou a tese de doutoramento do tradutor, “Identidades Reescritas. Figurações da Irlanda no Teatro Português” (Colecção Estudos de Literatura Comparada), elogia "uma pessoa invulgarmente inteligente" com "uma extraordinária capacidade de trabalho" e "grande seriedade intelectual". "Era uma pessoa rara e de grande sensibilidade. Deixa-nos órfãos, à gente do teatro e da universidade".
Sobre o trabalho que acompanhou na fase de doutoramento de Paulo Eduardo Carvalho, recorda-o como "um conhecedor muito especial do teatro irlandês" que "valorizava o diálogo entre culturas. Era isso que fazia, sempre que fazia traduções – estabelecia um diálogo sério e profundo entre as duas culturas, era sempre uma relação de construção".

O corpo do Paulo será velado a partir das 18h00 na Igreja do Bonfim, Porto.
O funeral é amanhã, às 14h00.

(Textos retirados do Público on line.
Fotografia de João Tuna.)