quarta-feira, abril 07, 2010

páscoa 3 + futebol

O Sporting de Braga tem – ainda se pode dizer assim, creio – a oportunidade de se sagrar campeão nacional de futebol. Está em segundo lugar, a seis pontos do primeiro. É certo que a tarefa não se afigura fácil, sobretudo depois do jogo realizado em Lisboa. Três pontos os separavam… agora seis, mercê da derrota verificada. Mas, matematicamente, ainda parece possível. Ainda por cima, como se costuma dizer, a esperança é a ultima coisa a morrer... E há quanto tempo é que o Braga não se via nestas andanças, se é que alguma vez as experimentara? Este é um tempo que marcará a memória de muitos bracarenses. E não só.

No tartan dos anos e das vidas, na nossa e nas dos nossos semelhantes, as curvas sucedem-se umas atrás das outras; mais, se a vida de estende pelos quilómetros sem fim; e, menos, se se trata de uma corrida curta.

Para determinar alguns locais de passagem, o tempo, – a vida, sei lá –, forneceu-nos pequenas marcas que sinalizam, sem que pensemos muito nisso, o ‘sítio’ preciso onde estamos. Há as marcas ocasionais, aquelas que nos ajudam a vincar na memória factos que vamos experiênciando, como é agora o caso do futebol e do Sporting de Braga; e as ordinárias, cujo desenho cíclico funciona como uma espécie de relógio: o Natal, o Carnaval, a Páscoa, por exemplo.

Em Braga, por coincidência, juntaram-se nesta altura do ano, estas duas marcas, numa confluência única. Por um lado a possibilidade de vitória no futebol; por outro, a cultura religiosa predominante, ou não seja Braga a Roma portuguesa.

A uma e à outra, estão indelevelmente ligadas as figuras mais proeminentes da urbanidade bracarense, mormente as suas figuras cimeiras no campo da política autárquica. Ou, dito de outra maneira: no mesmo traço do tempo, aí estão a igreja, o futebol e a política, de mãos dadas, a empurrar a cidade para o futuro que se quer. Cumplicidades que se cumprem, como uma tradição a que se recorre.

É uma pena que não se consiga meter nesta jarra também o Fado, no que isso pudesse representar de eminentemente cultural, para que o caldinho ficasse completo.

Mas isso já era pedir demais, não era? E depois, a cena fadista traz também a treta do destino, da saudade... E isto quer-se é pela positiva, não é?