sábado, março 27, 2010

péques

O Partido Socialista juntou-se aos partidos ditos da direita (e um deles, o PSD, um pouco mais de direita desde ontem) na votação PEC (programa de estabilidade e crescimento, é o que significa), por forma a viabilizá-lo, deixando de lado os partidos da chamada esquerda, que se manifestam irredutielmente contrarios à sua implementação. Neste caso, a matemática eleitoral é uma aberração, porque a abstenção é a prova provada que pode significar outra coisa. O PS colou-se à direita, portanto. Como normalmente acontece, por mais que se combatam em jogos mais ou menos florais nas mais diversas plataformas, o PS está, a cada dia que passa, mais longe do seu eixo fundador.

Este caminhar cíclico para a direita, é um sinal claro de muitas coisas, nomeadamente de uma mudança que terá começado a ser desenhada há muito mais tempo atrás – quem não se lembra da acusação feita a Mário Soares, de quem se dizia ter fechado a esquerda na gaveta… onde deve estar até hoje, cheia de pó socialista e de mofo… – e que, passo a passo, tem vindo a arredar do forum da decisão, os militantes cada vez mais minoritários, que pensam como originalmente, ou pelo menos, perto dessa essência.

O eixo mudou radicalmente, desde os tempos em que a utopia foi coisa que desceu à rua, como a poesia no cartaz da Vieira da Silva, (domingo que passou foi o seu dia, o da poesia) de alma e olhos abertos, a espectativa em alta, quando todas as forças partidárias existentes tinham esclarecidos os seus objectivos, e que passavam, todos eles, por cumprir o caminho do socialismo. Só o CDS, entre as forças partidárias com peso, não perscrevia essa receita, ainda que se afirmasse um partido do centro. Até o PPD, assim então chamado, tinha esse como o seu objectivo principal. A via era a reformista, lia-se, mas o caminho estava traçado.

E tudo mudou. O vento tudo levou.

Mário Soares, fundador do PS e o seu coveiro em outras tatas oportunidades, que com a idade pareceia mais de esquerda do que nunca esteve em toda a sua vida, ao falar do PEC, e ao manifestar a sua concordância com o plano no que de essencial ele tem, (ainda que advogue algumas mexidas), confundiu-se e apelidou-o de PREC. Curioso engano.

O PS propõe-se cortar nos benefícios fiscais dos cidadãos. Uma maneira ardilosa de aumentar os impostos sem os aumentar, na medida em que desvaloriza os investimentos sociais e pessoais dos cidadãos. Porque corta nos benefícios provenientes da saúde, da educação e nos PPR's.

Obriga os automobilistas a pagar nas SCUTS (Porto-Póvoa de Varzim; Porto-Aveiro, etc. O princípio do «paga quem usa» aplicado a norte, que é onde há dinheiro, pensa o Estado.

Vende património: CTT, TAP, EDP (tranches), GALP, Rede Eléctrica; as seguradoras da CGD, etc.

O que é isto? Mário Soares é que sabe. É o PREC outra vez. Mas ao contrário.