sábado, maio 15, 2010

hoje não há Papa

O Papa Bento XVI esteve em Portugal para uma vizita de três dias e foi o cabo dos trabalhos.
Já fui três ou quatro vezes a Roma (e ao Vaticano) e não foi nada disto. Tudo o mais normal possível, sem ondas nem histerias. Vem o Papa a Portugal e é o fim do mundo.
É certo que o homem não é um anónimo cidadão qualquer, que viaja apesar do vucão de nome estranho continuar a cuspir para o ar umas quantas coisas indizíveis, que têm parado uma data de aeroportos pela europa fora... Até o do Funchal, (veja-se lá bem a força do raio do vulcão), contra a vontade (afirmada e vociferada) de Alberto João Jardim. Mas as coisas não ficam assim. Que o raio do vulcão não sabe com quem se está a meter.
O homem de branco, dizia eu, que veste ou calça Prada é, afinal de contas, eu sei, o chefe da Igreja Católica, um outro Pedro, o boss de uma fé que congrega em seu redor, milhões de pessoas.
Mas chegar-se a isto, também me parece exagerado.
Apesar de existirem planos B, e não sei que mais - o abecedário todo, porventura – o Papa voou. Essa é que é essa. Desde Roma, as televisões mostraram tudo: o dentro e o fora, o in e o out, em português e em latim, a descolagem e a chegada, a viagem de papamóvel pelas avenidas novas de Lisboa, os Jerónimos, o Terreiro do Paço, a serenata nocturna, tudo... Nada escapou ao olhar curioso do tuga, através das TV’s. De todas as TV's. Ele era a RTP, ele era a SIC, ele era a TVI, ele era o diabo (salvo seja).
Só uma TV, que eu tivesse reparado, concretamente a Benfica TV, se alheou deste acontecimento, passando pela trigésima segunda vez em três dias, as comemorações do campeonado ganho pelos da Luz.
E durante três dias, foi assim.
Tivemos que aguentar reportagens especiais a seguir a reportagens especiais, acerca de tudo o que envolve Sua Santidade, queira isso dizer o que quer que seja. Tivemos de ouvir, em entrevista, as pessoas que lhe arumaram o quarto, lhe fizeram a cama, que bordaram as rendas dos lençóis, dos atoalhados, lhe aspiraram o pó, lhe engraxaram os sapatos, conduziram o automóvel de vidro, e sabe-se lá que mais. Quem não ouvimos, foram as pessoas contratadas por não se sabe quem, a três euros o dia, para lhe baterem palmas na Avenida dos Aliados, no Porto.
Não havia necessidade.
Mas que seja pelos nossos pecados.
Ámen.