quinta-feira, abril 08, 2010

dias curtos

Os dias não são suficientemente longos, para as tantas coisas que querem entrar neles e ser notícia.

Nem longos nem curtos, diga-se. Não dá para saltar para o dia seguinte, só porque este momento nos está a correr mal; nem para nos aguentarmos nele mais um pedaço, porque estamos mais felizes que nunca, e apetece tanto prolongar o momento.

Se há coisa certa, é esta: o dia tem 24 horas. É consensual que todos pensemos que sim. Eu, pelo menos, penso. Que tem, e que penso assim. Uma espécie de pensar duplo.

E porque tem 24 horas, e uma hora é um tempão dele (dele, de tempo), dá para que, no correr desse pedaço de tantas vidas, aconteçam as mais variadas coisas, se cruzem connosco as mais diferentes e incríveis notícias. E que se repitam essas coisas, que se desenvolvam, se multipliquem, que acerca delas se formem réplicas (como acontece nos sismos), ecos do som realizado, gestos que se repetem anda que coados pelo espaço, ondas que vão e que vêm, como o mar que se enrola na areia.

Como as notícias, eis. Umas a seguir às outras, as histórias das tantas histórias. E houve muitas, nestas últimas horas:

a) Como a do Papa, na relação com os clérigos pedófilos, dadas à estampa à velocidade de TGV, para desespero dos mais altos dignitários da Igreja, do próprio Papa, e dos católicos em particular.

b) como esta pouco nova, do primeiro-ministro português, que terá assinado uma data de projectos quando ainda não o era, parece, e, sobretudo, quando era funcionário (deputado, no caso) em exclusivo do Parlamento.

c) e há a história, em permanente desenvolvimento, do negócio dos submarinos contratados pelo estado português.

d) e a história do assassinato do chefão da ala mais à direita, afrikander, pró-aparteith, da África do Sul, abrindo feridas por cicatrizar num conflito que parece não ter fim à vista;

e) e há o negocio das bandeiras espanholas que, nos tempos que correm, deve ser o produto mais vendido em Valença, e tudo por causa do encerramento de uma unidade de saúde, no período da noite; Bom, pelo menos revitaliza-se o negócio do têxtil e do estampado, a não ser que os chineses já tenham descoberto este filão...

f) e há, sobretudo, a notícia do êxito, na reprodução em cativeiro, do lince ibérico. Nasceram duas lindas crias neste domingo de Páscoa, o que é uma coincidência engraçada, sobretudo quando se sabe que o lince necessita, em liberdade, de muitos coelhinhos bravos para que se possa alimentar.

Se mais horas tivesse o dia, muito mais histórias haveria para contar.