terça-feira, agosto 07, 2007

portugal, no fundo

Já lá vai a época dos descobrimentos marítimos, e há que tempos que isso foi, e ainda hoje, vejam lá, se cravam bandeiras em solos inexplorados, tudo em nome de nacionalismos que julgávamos impossíveis de ver, marcas que supúnhamos ultrapassadas pela voragem do tempo e, com ele, das mentalidades. Seja na lua, pela mão de Neil Armstrong (o tal da frase «um pequeno passo para o homem, blá blá blá blá blá blá», e que alguns defendem – como o meu avô pensava – ser uma treta do tamanho dum camião TIR, porque tudo não passou de uma encenação mal enjorcada); seja nos confins do oceano, pela mão de meia dúzia de russos dentro de dois submarinos, a reivindicar um solo a ninguém ainda tem acesso, talvez lá para dois mil e troca o passo, se lá chegarmos, após o degelo.
Mas porque nestas coisas de pioneirismos não há nada como ir dando pequenos passos («um pequeno passo para o homem…», lá está!), os portugas já começaram a tratar da coisa e, vai daí, numa eleição ONUESCA, garantiram para o colégio dos sábios, (daqueles vinte e um que vão decidir as fronteiras dos novos territórios submergidos), a presença de um português que, diz o jornal Público numa edição recente, garantiu a eleição graças a uma campanha eleitoral aguerrida, que meteu pin’s, brochuras e tudo. Tipo eleições para a associação de estudantes. E garantiu, parece, desde já, um pedaço mais de território português, para lá das duzentas milhas de mar que estão pré-garantidos, há que tempos, pela lei internacional. Não se sabe muito bem no que é que lucraremos com aquele pedaço de Portugal, mas já está garantido. Mesmo que forneça coisas menores, coisas despiciendas, por causa das dúvidas, já está no papo. Que nestas coisas de adivinhações territoriais, estamos mais que avisados, desde o Tratado de Tordesilhas. Tanto que o Réu teimou, que porfiou. Sabia-se lá o que é que estava para além das voltas que as caravelas já davam (ainda que, teorias várias, levantem a suspeita de um conhecimento, mais que adivinhado, já navegado…), mas mesmo assim, a teimosia do Rei Portuga falou mais forte, ele lá sabia o que fazia, e graças a ela, à teimosia régia, o Brasil foi nosso, e com o Brasil, as mulatas, as telenovelas, as férias em Natal, o ouro, os escravos, a caipirinha e tantas maravilhas mais.
Então não valeu a pena? Valeu pois.
E depois, a época dos re-descobrimentos, é quando um homem quiser. Ontem como hoje. Hoje como… logo se vê.
Viva o novo Portugal subaquático.