terça-feira, julho 31, 2007

Andamos nós para aqui cabisbaixos, a remoer as nossas incapacidades, as pequenas e as grandes, mormente na Justiça, (no tempo que demora a fazer-se justiça neste país, por exemplo), e nem nos apercebemos das soluções inventivas que outros, porventura melhor apetrechados que nós, encontram, para resolver o mesmíssimo problema. Pensamos mal deste ou daquele sistema e, na volta, somos confrontados com soluções bem engenhosas de alguns dos protagonistas e sistemas de justiça, de que tantas vezes nos rimos, às vezes alarvemente. Lembro-me de, há não muito tempo, ter falado de algumas decisões da justiça americana, dignas do melhor anedotário que há. E no entanto…
Vi na TV, creio que este domingo, que um juiz americano, pois tá claro, a propósito da acusação aduzida a três cidadãos américas, utilizou uma perspicaz solução penal, digna dos maiores encómios.
Mas deixem-me contar-vos a história:
Três homens, não sei em que circunstâncias, foram multados ou presos ou o que quer que seja, por convidarem prostitutas para a rambóia. Na verdade, elas não existem para outra coisa. Aquele é o trabalho delas, pronto, precisam dele para ganhar a vida. Acontece, deduzo eu, que os convites para a brincadeira devem ter dado demasiado nas vistas e os homens, por força do espalhafato das propostas, foram dentro. Presentes ao juiz, acusados de vistosa demanda de sexo na via pública, os homens foram condenados (e aqui é que reside a graça) a vestirem-se de galinhas durante vinte e quatro horas, e a permanecerem empenados em frente ao tribunal todo o tempo que durasse o castigo: um dia inteiro. Felizmente para os homens, o tempo não estava demasiado quente, que o fato, visto à distância destes quilómetros todos, pela TV, não parecia ser coisa nada fresca.
Esta mistura de sentença e castigo infantil, parece ter resultado, porque os homens declararam-se bastante perturbados, ao serem interrogados pelos jornalistas que se deslocaram ao local para assistir ao cumprimento de pena tão bárbara (e quente, já agora). Felizmente para eles, os bicos das galinholas amarelas tapava-lhes as caras e, por isso, não correram o risco de serem reconhecidos pelos familiares e amigos mais chegados.
Se a sentença se aplicasse em Portugal, creio que o stock de pipocas se acabava em dois tempos. E não porque hajam poucas pipocas nos supermercados bracarenses. A avaliar pelas páginas de alguns jornais, de Braga em concreto, o milho ia acabar em dois tempos. Pelo menos, a julgar pela oferta.