segunda-feira, julho 02, 2007

O crime era horrível. Descomunal. Inimaginável, numa superfície comercial, em território luso, um desfalque daquela dimensão, como só nos filmes se ousa ver.
Cambada de bandidos, estes portugueses, que andam por aí a assaltar tudo e todos, na maior das im(p)unidades, raios os partam, que ninguém é capaz de lhes deitar a mão. Têm medo, é o que é… Quer dizer, a polícia tem medo, está bem de ver.
Está certo que o problema não é exclusivamente português. Assaltos destes, deve havê-los em todo o lado. Lembro-me, até, de ter visto o flagelo fotografado com todo o rigor, num dos projectos televisivos dos Monty Phyton: um grupo de velhotas que espalhavam o terror na cidade onde viviam , assaltando a torto a direito, vestidas de negro, sem piedade de qualquer espécie.
Mal imaginava eu, que a realidade, ainda assim ficcionada do grupo inglês, haveria de ter cópia real neste país de brandos costumes. Mas a notícia não dá, infelizmente, margem a qualquer equívoco.
Não sei bem em que moldes é que a coisa aconteceu, mas sei, a acreditar no que a imprensa escreveu há uns dias atrás, e não tenho razões para desconfiar do jornalismo que se faz em Portugal nos tempos que correm, que a velhota de setenta e seis anos que assaltou um supermercado Lidl, passe a publicidade, extraindo das prateleiras daquela superfície comercial impoluta, um creme no valor de três euros e noventa e nove cêntimos, quase oitocentos escudos na moeda antiga, (é dinheiro, chiça!), acabou por ver arquivado o processo que o ministério público lhe movera, depois de não sei quantos anos e não sei quantas centenas de euros decorridos, em trâmites legais. E deve ter-se ficado a rir, a malvada e perigosa meliante. Assalta a loja e não vê o Estado, através do seu braço judiciário, cumprir a função para que existe e que é, livrar-nos de pessoas capazes destes comportamentos impensáveis e hediondos.
Querem cremes? Paguem-nos. Que vão trabalhar, cambada de calaceiras. Com setenta e seis anos, já tem bom corpinho p’ró trabalho. Aliás, e mercê dos serviços de saúde estatais de que dispomos, as tipas de mais idade, têm condições físicas mais que suficientes para fazer, pelo menos, um part time num sítio qualquer. Já nem digo nas obras, por exemplo, a acartar massa. Não sou tão insensível. Mas outra coisa qualquer. E depois, uma velha de setenta e seis anos, não recebe uma choruda reforma do estado? Para que é que ela a quer? Gaste-a nos tais cremes, se precisa tanto deles. Mas aquilo do gamanço, cá para mim, não ditado pela necessidade. Aquilo é vício. Porque, onde é que já se viu, uma velha a precisar de cremes? Não precisa deles para nada. Ainda se fosse uma rapariga nova, vá lá, que nos tempos que correm há que ter cuidado com a pele e essas coisas. Agora, uma velha?! Aquilo foi por vaidade. Vaidosa! Mas vaidosa à nossa custa.
Com este fechar de olhos do ministério público, ainda havemos de assistir, de braços cruzados, ao desmoronar do país. É pouco a pouco a pouco que as coisas acontecem. Depois de cremes, e espero estar enganado, hão-de ser bolas de berlim, velas de cera para pôr a arder nas igrejas e outros bens que tal.
Onde é que isto vai parar?