quarta-feira, maio 30, 2007

a greve é grave

Há uma greve geral a acontecer por estas horas.
As razões que levam milhares e portugueses a faltar ao trabalho, a prescindir do equivalente remuneratório de um dia de trabalho, quando se sabe as gigantescas dificuldades por que passam tantos deles, (creio que uma parte significativa dos que farão greve… por isso mesmo é que a fazem, e não por um capricho qualquer, demais a mais a greve decorre a meio da semana de modo a que não haja espaço a segundas interpretações), mas dizia eu que as razões que levam tantos portugueses a aderir à greve geral hão-de ser as mais variadas, mas todas elas, de certeza, terão a ver com a precaridade que se pressente, com as dificuldades que se experimentam, com a insegurança que se vive, com a nebulosidade que representa o futuro neste país, onde os ricos estão cada vez mas ricos, e os pobres cada vez mais pobres, num desenvolvimento social pornográfico que não poder ser admitido.
São razões sociais, económicas, certo, mas o poder político deste país também não tem ajudado muito. Na verdade, ELE (o governo) e o uso que faz do poder que o povo lhe garantiu por quatro anos, oferecendo-lhe a maioria absoluta na assembleia da república, é uma das principais razões, senão mesmo a primeira delas, para que a greve acontece nesta altura, percorrido metade do seu penoso caminho, a dois anos, mais ou menos, de próximas eleições.
O que se assiste, quer o governo e os seus mais altos representantes sejam protagonistas da história ou não, são histórias e historietas de enganos em barda, anedotas com pernas longas em acção, atentados – à sombra de reformas inadiáveis em curso, dizem-nos – contra os trabalhadores e a sua qualidade de vida, e por isso, gestos muitos contra a felicidade das pessoas, objectivo último de todos nós, respeitados que sejam critérios básicos de justiça e igualdade.
A greve será assim, também, uma forma de protesto, pois, mas igualmente uma ajuda ao governo, para que faça melhor o seu trabalho. Dizendo ao poder o que é que os trabalhadores desejam. Pressionar os políticos para que façam melhor do que têm feito, indicando caminhos, sugerindo políticas. Ajudando o poder a decidir melhor, portanto.
Já não me lembro de uma greve tão importante, convocada por razão tão grave, como esta.
É grave a greve?
É. Mas por isso é que se faz.