quinta-feira, abril 26, 2007

tudo na mesma

Aparentemente, seis meses depois, tudo voltou ao mesmo, à mesma braguinha de sempre... já não era sem tempo, valha-me deus.
Em Braga é sempre assim, escreva-se a coisa com tê agá, ou sem tê agá.
Em Braga, já deviamos saber que não basta acrescentar letrinhas a uma ideia de espaço cultural que já existia, por mais antiga que seja a memória das coisas essenciais (como o verbo), como se a blindagem aos velhos comportamentos se fizesse com letras, aparato gráfico, por mais douradas que sejam. Nada! De repente, ou nem isso, boom! Os hábitos instalados parece terem tornado a aparecer, como velho silvado que, mesmo contra o betão, consegue romper quando e onde menos se espera.
Escrevo a propósito de notícias que, timidamente circulam, e dão conta do regresso de discussões mantidas em banho-maria durante os primeiros meses de funcionamento do Teatro Circo; de projectos díspares que se digladiam na intimidade dos gabinetes; de ideias contrárias que colidem; e, porventura, de autoridades mal esclarecidas, que se querem esclarecer agora, mesmo que com o carro marcha e seguindo em velocidade, no mínimo, interessante.
O Teatro Circo é da autarquia, e ponto final. Ok. É, talvez, a SA (sociedade anónima… creio que ainda o será?) mais pública que se conhece. Falou-se, há uns tempos, ainda a coisa estava encerrada para obras, em lhe mudar o estatuo jurídico, mas creio que nada foi feito nesse sentido, que a pressa da reinauguração tolheu essa vontade. Tem, por isso, como qualquer CA que se preze, uma equipa na definição da administração. Que, por sua vez, contratou uma direcção artística (mas que também administra o espaço, creio) e que convive com uma direcção administrativa delegada. Há aqui, sendo assim que a coisa funciona, uma ideia de blindagens sucessivas, de barreiras atrás de bareiras, olheiros de olheiros, polícia de polícia, que pareceu estar esbatidas, mas que se mostra agora, consta, de uma maneira determinante.
Mas voltemos ao teatro.
Dizia eu, que o dito cujo era da câmara. Portanto, pode fazer com ele o que muito bem entender, (mas atenção) dentro das regras democráticas estabelecidas nas derradeiras eleições e segundo o prometido pelo partido socialista (o que ganhou… o que ganha sempre) para aquele espaço cultural. Vinte e cinco milhões de euros depois, (e sabe-se como discordei publicamente dos gastos faraónicos que lá se fizeram, sem que se adivinhasse um benefício que, nem por uma unha, fizesse sombra aos custos), consta que foram alteradas as regras de funcionamento da casa, funcionamento que – a avaliar pelos comentários que vou ouvindo – tem merecido o elogio geral e o aplauso das sucessivas plateias que o vêm habitando, com taxas de ocupação que me dizem ser das maiores experimentadas em espaços de igual dimensão no país. Por outro lado, os ganhos com a bilheteira, na relação com o custo dos espectáculos, está muito acima da expectativa autárquica.
Sendo assim, porque é se que mudam as regras? Com que fundamento? Com que objectivos? Com que perdas?
Senti estas novas sensações, conspirações e aspirações e transpirações (os conspiradores conspiram, os aspiradores aspiram... Cesariny) através de um texto a que tive acesso, e que subscrevi, um dia destes. Apenas um parágrafo me trouxe indecisão. Misturava-se no mesmo saco (e eu até percebo a confusão) o Teatro Circo com a Companhia de Teatro de Braga, de uma forma que considero incorrecta. Uma coisa não é a outra, mas admito que a presença numa e noutra estrutura, durante todos estes anos, do encenador da CTB e, simultaneamente, administrador-delegado do TC, possa levar a estas confusões. Mas porque não era essencial para o objectivo da petição, era coisa marginal, opinião que muitos vêm defendendo – a esmagadora maioria… quase a totalidade –, assinei. Mas o essencial da questão é outro: tornámos à estéril discussão do PODER que em Braga é tão natural.
Finalmente, as coisas estão como sempre estiveram. Claro que quem se lixa...