domingo, abril 01, 2007

os grandes portugueses

Infelizmente já não posso voltar a trás. E mesmo que pudesse, de nada me valeria este novo dado, esta aventura lusa que é capaz de nos entusiasmar pelo espanto. Para aliviar a minha consciência de português suave, a propósito do resultado para o grande português que até há muito pouco, decorreu na televisão do estado, já não contribui a história que acabo de ler, primeiro incrédulo e depois com potenciada admiração.
Pudera eu votar agora, como não votei outrora, e teria levantado o mais alto que me fora possível, o nome desconhecido desse português de Fornos de Algodres, que chamado por um amigo, logrou cruzar o oceano e, em Miami, armado de telemóvel, intentou assaltar um banco (se é que tinha consciência disso… do assalto como se fora um assalto…), com o fito de um prémio de 15 mil dólares.
A arma serviria, como serviu, não unicamente para intimidar os funcionários do banco, mas igualmente para permitir conversação, uma vez que o «assaltante» em pessoa (ponho «assaltante» entre comas, que é por via das dúvidas) não possuía as ferramentas linguísticas que permitissem a comunicação fundamental. E mesmo assim, mesmo sabendo-se em desvantagem, ele lá foi, com a coragem que muito poucos ousaram demonstrar. Montando, não Rocinante, mas um telemóvel que, quero crer, não teria menos de dez anos de vida e um cartão com uns reduzidos trinta ou quarenta dólares, tendo na outra ponta da comunicação um Quixote ou um Sancho, não importa, não hesitou e foi, não sendo importante o prémio final, se a ilha se Dulcineia.
Este sim, é que é o herói dos tempos modernos, aventureiro apaixonado, Quixote do telemóvel, qual Vasco da Gama cruzador dos ares, a quem Camões não rogara loas e Pessoa carta astral, a quem Aristides carimbaria visto nem que fosse numa nota de dólar. Quem é Afonso Henriques ao seu lado? E D. João II? E o tal de Marquês de Pombal? Ainda se fosse Marques Soares. E Cunhal, labiríntico político-artista?
Só em Algodres, é de fornos assim nasce tão varonil pão de quilo.
Viva Portugal.
Qual Salazar qual quê!