sábado, agosto 26, 2006

notas de viagem 8

AS AVENTURAS DE UM AGENTE IMPORTANTE CHAMADO ERNESTO
7. higiene oral

Num dia destes, antes ainda da investigação na Irlanda, preocupei-me, já não sei porquê, em saber a origem do termo spa. Se a memória não me falha, creio que foi a Agente Paula (que também esteve na Irlanda, mas por causa de um outro dossiê, que não o da Agente Amélia) quem disse que tinha ganho uma semana num spa qualquer, já não sei donde. Mostrou-me o folheto, e as fotografias eram do melhor, que tinham isto e aquilo, que os seus spadados saíam de lá praticamente novos, e não sei que mais… Perguntei-lhe o que era spa, e ela não sabia. Fiquei com a pulga atrás da orelha, salvo seja. Na altura, até havia um programa na televisão, apresentado por uma rapariga que agora até é actriz e tudo, que nos levava a visitar uma série de spa’s de norte a sul do país. Era uma vida e peras.
Fui investigar e descobri, (não sei se o Chefe já sabia), que Spa é um município da Bélgica com cerca de dez mil habitante e quarenta quilómetros quadrados de área, muito conhecida do mundo do automobilismo, mais em concreto do mundo da fórmula um. O circuito chama-se Spa-Francorcha e se disser este nome aos malucos dos carros, eles lembram-se logo.
Mas Spa é, igualmente, uma região muito conhecida pelas suas águas, propícias a tratamentos medicinais variados. Creio que são usadas de forma terapêutica desde o século XIV. Por curiosidade, foi também, em Spa que esteja alojado o quartel-general das tropas nazis aquando da brutal caminhada para o falhado império boche nos idos de quarenta e picos.
Voltemos, porém, ao nosso tema, e sem mais desvios:
Ora, as estâncias termais são coisa mais ou menos comum em Portugal, onde elas abundam. Em Portugal chamavam-se Termas. Mas agora é spa que está na moda. Ora, Spa significa saúde através da água (em latim, sanus per aqua).
Regressemos, então, à Irlanda.
Estava eu a passear no centro de Dublin quando, num repente, descubro um grande edifício e uma placa informativa a anunciar que nesse edifício funcionava um spa de dentes. De dentes. Espreitei, pedi para espreitar mais intimamente o spa, e lá estavam, visíveis, as bancas como acontece numas termas normais, todas alinhadinhas, tudo muito higiénico, tudo muito cleen.
Imagino máscaras de lama nas dentuças dos irlandeses, massagens às gengivas, gemidos de prazer vindos das entranhas do edifício caro restaurado e a cheirar a novo e velhinhas à porta a pedir por tudo o que é santo, um tratamento «igual ao daquela senhora».
Saí do spa a rir a bandeiras despegadas, Creio que os meus dentes ficaram mais felizes com as gargalhadas. Valeu a pena a visita.