sexta-feira, agosto 04, 2006

notas de viagem 2
















AS AVENTURAS DE UM AGENTE IMPORTANTE CHAMADO ERNESTO
1. TATUAGENS

A duas horas e meia de caminho, a Irlanda é um destino muito interessante para passar uns dias de descanso. Do Porto voa-se directamente para Dublin, e essa é uma vantagem.
Eu, Agente Importante Chamado Ernesto, fui com o objectivo de fazer uma tatuagem, e não podia ter escolhido melhor sítio. Quanto mais clandestino e ignorado pela multidão conseguisse ser, melhores resultados estaria em condições de obter.
Logo na viagem de ida se manifestou uma realidade diferente. Muita gente irish ostentava nos braços, e outras partes do corpo visível, sinais e desenhos que ilustravam peles com história publicada. Uma espécie de banda desenhada que se transporta no órgão mais extenso que possuímos: a pele. A minha, de agente muito batido, apesar de pendurada aqui e ali, ainda estava em condições de passar por mais esta provação.
Ainda por cima, a tatuagem, na Irlanda, não é uma moda juvenil nem coisa que o valha. Falo de gente com cinquenta ou sessenta anos, de braços absolutamente decorados, roliços e cheios de tinta, com cores ou só a preto e branco, que é como quem diz, da cor da pele. E inúmeros reclamos que indicam sítios onde a tatuagem está ali à mão de semear.
Pedi que me fizessem uma sereia na barriga da perna, mas só havia disponível um retrato de Daniel O’Conner, um dos libertadores da Irlanda. Só por isso deixei a tatuagem para outras núpcias. Achei que seria o mesmo que, correspondência à parte, em Cuba, mandar tatuar barbas na cara imberbe que Deus me deu: via-se mesmo que estava a dar graxa. Era demais. Cancelei os planos e, adiante.