terça-feira, junho 27, 2006

um vinte e sete de julho que foi quase um trinta e um


E lá vai ele, vrrrm vrrrm, talvez sozinho, vrrrm vrrrm, talvez com a alma cheia de solidão, ao volante do seu caaaaaaaaaááááááarro, circulando velozmente pelas ruas de LA, sem tempo para ver os passeios apinhados de gente, huõnnnn, sem tempo para olhar para as pessoas, fazendo curvas apertadas huõnnnnn, sem tempo para mais que olhar a estrada e os sinais luminosos. E de repente, vá lá saber-se porquê – há quem diga que foi um gesto premeditado, há quem diga que não – decide travar, hii-i-i-i, e com toda a calma possível, olhar as ruas, olhar as montras, olhar as mulheres que se insinuam na grande parada, supermercado da noite, e entre elas uma negra não muito negra se destaca, como é que te chamas borracho? eu? perguntou o borracho, yes, tu, não estou a ver outro borracho por perto, hi-hi-hi fez ela orgulhosa, chamo-me Divine, «di» quê, perguntou ele, Divine, Divine Brown, e eu nem preciso de perguntar o teu nome, disse ela, mas mesmo assim eu digo, disse ele, chamo-me Grant, Hugh Grant. Pois, já te tinha reconhecido, que eu sou uma rapariga que vai ao cinema… Ah isso é bom, disse ele vaidoso, enquanto ajeitava o cabelo. Então e agora?, perguntou ela. Agora? Entra, e brincamos ao notting hill mas ao contrário, faz de conta que eu sou o tipo desconhecido da livraria da esquina que vende livros de viagens e tu és a Júlia Completamente Star... e depois logo se vê, disse ele enquanto lhe abria a porta, sorrindo com aquele sorriso pepsodente que lhe é característico. Eu só entro depois de termos negociado – prevenção profissional – disse ela. Negociemos então, disse ele. O que é que queres comprar, perguntou ela. O que é que tens para oferecer, perguntou ele. Quanto dinheiro é que queres gastar? Provocou-o ela. E que tal, isto? Perguntou ele mexendo nos bolsos e mostrando a nota. Isso? perguntou ela desiludida, com isso apenas posso oferecer o catecismo, mas não a oração por inteiro. Mas era isso mesmo que eu queria, disse ele, os rudimentos. Então entra. Hum, que espaçoso que é o teu carro, disse ela, não é meu, disse ele, é alugado. E para onde é que vamos? Não sei, mas estava a pensar num esquina qualquer, disse ele. Ainda podes ser apanhado com a boca na botija, disse ela. Eu? perguntou ele com sentido de humor…

Num dia 27 de Junho, como hoje, há não sei quantos anos atrás, o conhecido actor britânico era detido em Los Angeles por alegadamente ter aliciado uma prostituta e mantido relações sexuais com ela – mesmo que Clinton, anos mais tarde, tivesse garantido que sexo oral não contava para esta contabilidade – dentro do seu carro.

Isto é só uma efeméride. Um vinte e sete de julho que foi quase um trinta e um...