quinta-feira, junho 22, 2006

histórias da aviação portuguesa

Qual Gago Coutinho, qual carapuça.
Qual Sacadura Cabral qual quê.
Claro que estes dois – olha que dois - foram heróis, até estiveram representados no dinheiro português, no tempo em que em Portugal havia uma moeda só nossa, mas não foram os pioneiros da aviação em português, nem pouco mais ou menos.
Viva o Frei Bartolomeu de Gusmão, que pelo mão de José Saramago voou nos céus portugueses escarrapachado no cesto da passarola. Ele e outros, alguns deles amigos de Bocage, que experimentaram os ares portugueses, o azul português, mas agora o azul do céu, não já o azul dos mares que aprendemos a percorrer com o coração em sobressalto.
E para além de Bartolomeu de Gusmão e da passarola, e dos franceses dos balões, ainda houve um outro em Portugal, mais precisamente em Viseu, tido como o primeiro aviador português, de nome João de Almeida Torto, enfermeiro de profissão no Hospital de Sto. António de Viseu, que inventou uma máquina voadora a que teve o bom senso de não chamar coisa nenhuma, e que a bordo de tal coisa realizou o primeiro voo experimental nos nossos céus, lançando-se da Torre da Sé de Viseu para o campo de S. Mateus, no tempo em que uma coincidia com o outro.
A história e a tradição não especificam o posterior estado de saúde do enfermeiro, nem o da nave que ele inventou. Terão tentado mais alguma vez? Vá lá saber-se. O que se sabe é que o voo decorreu num dia como anteontem, 20 de Junho, em 1540.
Quem diria, hein?
O primeiro voo experimental em Portugal.
Ah grande João de Almeida Torto.
PS: Apetece-me pensar que ‘’Torto’’ foi nome acrescentado depois da pioneira experiência.