terça-feira, abril 11, 2006

doze de abril

a)

''Não escrevrás nem mais uma palavra.

Se és judeu,
- mesmo que alemão -,
se vives neste chão que se chama alemanha,
não escreverás nem mais uma palavra
a partir deste dia, (12 de Abril de 1935),
nesta pátria a que chamamos Reich.

Não escreverás nem mais uma palavra
se não és ariano,
puro de raça
puro de cor
puro sangue.''

Isto disseram, e escreveram em letra de lei,
os suporters do Partido Nacional Socialista
comandados por Adolf,
o do bigode ridículo.

b)

Foi uma explosão como não houve outra e,
contudo,
depois dela,
tantas outras foram.

Mas aquela foi a primeira que
propulsionou o homem no espaço.

O homem chamava-se
Gargarine, primeiro homem espacial. Especial.

Faz hoje anos
que seguimos a bordo da nave de Gargarine, para o espaço.
O homem que foi depois de laika, a cadela,
levou-nos arrastados pela sua coragem,
algemados à sua vontade.

c)

As grades da prisão de Cipinang
não o prenderam.
As grilhetas não o amordaçaram.
A sua alma em grades
continuou a incendiar a indignação no peito de tantos de nós.

Mesmo estando Xanana preso,
milhares continaram presos no seu braço,
erguido no seu punho de revoltado,
corda vocal na sua garganta,
a gritar '' Pátria ou morte. Reisitir é vencer''.

Como Che, também eu senti
tantas vezes,
''o dorso esquálido de rocinante''
entre os calcanhares
que quiseram ser
os de Xanana.

Mesmo em Cipinang,
Rocinante, um cavalo igualmente timorense,
não parou de trotar,
com milhares montados nele.