domingo, fevereiro 12, 2006

fátimas

Eram quarenta as camionetas que partiram de Felgueiras em direcção ao Santuário de Fátima. No dizer de alguns felgueirenses, para agradecer à Virgem a vitória da sua Fátima nas últimas eleições autárquicas. No dizer de outros, menos expansivos, para visitar o Santuário.
(Enquanto a Santa Sé não toma conta da sua administração, como parece que irá acontecer mal se reformem os actuais mandatários locais. Mas isto digo eu, não o ouvi a nenhum dos excursionistas).
Pagaram o seu bilhete – dez euros, creio ter ouvido – e lá foram, com a devoção a correr entre os dedos, encabeçados pela maternal figura, (refiro-me à autarca, como é conhecida na terra, até, entre os da terceira idade… Faz-me uma certa impressão, confesso…), rumo a essa outra Fátima, a dos pastorinhos, mas com a própria no coração.
E no assento ao lado, já agora.
Eram quarenta as camionetas e em todas elas não houve um lugarzinho para mim, qual Pobre Francisco serôdio, sem ovelhas e sem fé forte, perdido nas agruras dos que desconfiam – como o senhor padre de Felgueiras, desistente à última da hora, diz-se, porque avisado pelo Bispo – que a fé autárquica não é para todos... Mas também não é preciso, que nisto de democracia, basta um voto a mais que a metade precisa, e em matéria de dogma eleitoral ficamos por aqui.
Não fui e penitencio-me da falta.
E por escrever «penitência» …
Não há nenhuma alma caridosa que tenha à mão, e não precise, um silício que me possa emprestar. Mas que esteja em bom estado, que é para o sofrimento fazer mais sentido.