sexta-feira, agosto 11, 2006

notas de viagem 4

AS AVENTURAS DE UM AGENTE IMPORTANTE CHAMADO ERNESTO
3. A GASTRONOMIA

Sem tatuagem para fazer, com a barriga da perna despida da informação que lhe queria emprestar e que me camuflaria, decidi encher a outra barriga, a verdadeira, com as iguarias locais, que o barulho das horas anunciadas a cada passo era já chinfrineira infernal. Acerca do pequeno-almoço, por estas bandas chamado breakfast, que não quer dizer o primário intervalo rápido, mas sim intervalo no jejum, escreverei um capítulo lá mais para a frente (depende a maneira como o chefe ler este meu relatório…).
Vamos, por isso, ao jantar. Ao primeiro jantar.
Antes, porém, de dar ao dente, e para fazer a cama ao petisco, uma passagem supersónica por um pub da zona do Temple Bar, uma zona tipo Bairro Alto mas menos freack. Aliás, fiquei a saber nesta viagem à Irlanda, que PUB significa Public House, ou Public Bar. Alguém na nossa esquadra já o sabia? Creio que não. Estas viagens, mesmo se em serviço, também servem para acrescentar os nossos conhecimentos do mundo.
Bom, estava eu no tal PUB e, oh sorte madrasta, concluí, apesar de apreciador da boa cerveja lusitana, que não gosto de Guiness. Antes que alguém o descubra por outras fontes e me dane o juízo, confesso-o de consciência tranquila, até porque tentei mais de uma vez emborcar a coisa espessa, negra e amarga a que chamam a instituição.
Depois dessa fracassada tentativa – com esforço lá engoli a pint – e parti para o restaurante escolhido anteriormente. Entre descodificar a ementa e uns quantos olhares aos pratos que iam saindo da cozinha, percebi que tudo era servido acompanhado de batata fria. Depois de algumas dúvidas e hesitação natural, encomendei lasanha, que era, talvez, a coisa que mais se assemelhava com o que conhecia de antemão. E, passado o tempo de confecção, ela lá estava, a lasanha, acompanhada de batata frita: um prato largo cheio delas, batatas, e no meio, tipo ilha, dentro de uma taça de louça, a lasanha. Perto, igualmente dentro do tal prato maior, mas numa outra tacinha, um molho qualquer que me pareceu perigoso e no qual, por isso, nem ousei tocar. Para a mesa ao lado estava a sair peixe frito, igualmente acompanhado de batata… frita.
Durante os dias que permaneci na parte católica da ilha, as comidas foram, mesmo se variassem, basicamente servidas com os mesmos sabores, e com recurso aos mesmos alimentos, sendo a batata frita o mais comum deles.
A obesidade é uma nota constante em quase todos os sítios que visitei. Homens e mulheres assim a atirar para o gordo (com alguma excepções), tatuados, e a comer batatas fritas.

2 Comments:

Blogger Manel said...

Pois, as gentes do norte têm costumes muito arreigados. Eu acho que ainda não ultrapassei a lasanha com batata frita e molho de francesinha que comi no Piolho, não no Temple Bar, mas na Cordoaria, eheh...

Estou a deliciar-me, agente Ernesto, com estes relatórios. Espero que o chefe não descubra que há uma fuga de informação, ou uma quebra do segredo de justiça, que até refresca pensar na verde Irlanda nestes dias lisboetas. É que está uma calora que só apetece pôr tudo de fora, caneco...

12:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Adorei o blog e a experiência do agente Ernesto.Deve continuar...

Na falta de mais indicação, aproveito este espaço para pedir o envio do mail do António Durães para explicar e poder, eventualmente, combinar uma entrevista sobre memórias de contacto com a poesia para efeitos de investigação (tese de mestrado).
Obrigada
Fabíola Lopes
lopes.faby@gmail.com

2:12 da tarde  

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