terça-feira, dezembro 01, 2009

honra ao nobel da paz 2009

A quem disse… (a quem ousou dizer)… que Obama, o messiânico presidente norte-americano, nada fizera (pelo menos que se visse) para merecer o prémio Nobel da Paz, eis a resposta que certamente merecia. Porque a verdade pode tardar, (e quem diz a «verdade», diz a «justiça») mas nunca falha.
E ela chegou, bramante, sonora, altíssima.
Na quarta-feira da semana passada, o presidente indultou «Courage» e «Caroline», dois insignes perus que, por esta via, se salvaram de ser cozinhados no tradicional jantar de Acção de Graças, cerimónia que milhões e milhões de famílias norte-americanas cumprem escrupulosamente.
Segundo relatou a LUSA, agencia noticiosa nacional fazendo eco de outras tantas centrais de notícias do mundo inteiro, numa cerimónia realizada no alpendre da Casa Branca, Obama, acompanhado pelas filhas Malia e Sasha, perdoou a vida de «Caroline» e «Courage», que se pavoneavam, mais ou menos indiferentes, diz-se, perante o olhar atento dos jornalistas. «Courage» ainda ostentava na peitaça uma placa que dizia «bom apetite senhor presidente». Felizmente que a perua não sabia ler nem escrever. E mesmo que soubesse, leria a placa ao contrário. Do mal, o menos.
Os dois perus têm, até, para lá de nome, bilhete de identidade e passaporte devidamente carimbados: «Courage» viajou desde uma quinta de Goldsboro, na Carolina do Norte, onde cresceu sob os cuidados de Walter Pelletier, director executivo da Federação Nacional do Peru, presente no acto. De «Caroline» não se conhece tão detalhadamente a história, pelo menos a avaliar pela notícia que consultei, mas deve ser, em tudo, idêntica ao do seu companheiro. Ou companheira.
Parece que, segundo a tradição, os presidentes americanos são presenteados nesta ocasião, com dois perus, oferecidos pela Federação Nacional do Peru. Não o Peru-país, mas o peru-animal. Nada de confusões, que de imperialismos está o mundo cheio. Esta tradição, diz-se, remonta ao tempo do presidente Abraham Lincoln. Mas é, desde o mandato de Kennedy, que o destino dos animais deixou de ser o prato do presidente, e passou a ser instituições de caridade, primeiro, e mais recentemente, como neste caso, a Disney e o mundo do espectáculo.
Antes de serem entregues ao presidente, para a cerimónia de indulto – os americanos sabiam – os animais pernoitaram no Willard, um hotel de luxo situado a dois passos da Casa Branca. "Ficaram numa casa de banho, protegidos por uma lona e um monte de palha», esclareceu Barbara Bahny, porta-voz do hotel.
Toma!
Isto só para calar aqueles vozes que diziam que Obama não mereceu o Nobel da paz.
Mas lembram-se? Já Bush, o presidente anterior, tinha poupado perus (pelo menos dezasseis) e apesar disso, nada. Até se tinha feito filmar, hélas, entregando um peru de plástico às forças armadas americanas, estacionadas, creio que no Afeganistão. E nem por isso recebeu o Nobel. Pelo contrário. Riram-se dele. Eu incluído.
Há presidentes que merecem mais que outros, essa é que é essa.