domingo, outubro 18, 2009

dúvidas néticas

Interrompo as minhas breves crónicas, às vezes não tão breves quanto isso, mas enfim, para, desta feita, partilhar com os senhores leitores, as minhas mais íntimas preocupações acerca do meu computador portátil, já mais que uma ferramenta, um amigo, um irmão, que pode estar sob vigilância, vá á saber-se de que malandros, e quantos.
Desconfio disto por causa das palavras do senhor presidente da república. E por estar cada vez mais lento. Junto uma coisa à outra e, eis a desconfiança.
Eu abro-o, e enquanto ele chega a um sítio específico onde tenho as pastas que me dão sustento e onde me apoio, parece que lhe dá a camuéca e lá fica, em êxtase, uma eternidade. E essa eternidade, eu creio intimamente – e agora proclamo-o em público… lá se vai a intimidade, portanto – é o momento em que se instalam sistemas que lêem as minhas palavras, a minha mente, que intuem o meu pensamento antecipado, o meu voto e sei lá que mais.
Cavaco Silva apareceu naquela que é a sua roupagem mais íntima, em frente às câmaras de televisão, a denunciar aquela desconfiança que o caracteriza, desta feira relativamente à possibilidade de ter o seu computador e os computadores da presidência da república, sob o veredicto de estranhos, não tão estranhos quanto isso, claro.
Diz que não fala de segurança, mas diz que pediu a uns quantos peritos que lhe fossem dar uma visa de olhos aos computadores do Palácio de Belém, e tornassem mais claras, a s possibilidades de haver intrusos nas comunicações.
Não fala em segurança, mas mandou – diz a imprensa e eu sei que nem sempre e deve confiar nesses energúmenos – que vasculhassem telefones e demais sítios onde pudessem estar alojados, ouvidos indiscretos.
Prefere falar de intromissões que vão para lá do aceitável e do tolerável, de jornalistas e de políticos que ouvem os jornalistas, e aponta para o partido socialista, de tentar colar o presidente da república a um partido político e mais, a obrigá-lo a sair do seu sítio quentinho e equidistante.
Pois, mas não é verdade que estava entre a sua criadagem (a expressão é quase sua) alguns dos que escreveram o programa político do partido social democrata? E no que diz respeito à agricultura, ou à lavoura, não foi um seu ajudante, em que o CDS se apoiou para escrever e dizer o que disse, relativamente às políticas do governo sócretista?
Não teria sido mais certo questionar se, em nome da cidadania, qualquer português pudesse participar nas reflexões que se exigem, mesmo que a escrever programas partidários, que suportariam as estratégias e doutrinas, dos diversos agrupamentos presentes no boletim de voto dos portugas?
O que é menos tolerável, é ver publicado – e antes da publicação, ver distribuído e descobrir esses caminhos tortuosos praticados – um mail onde um seu distinto ajudante, ajudante com ais de 20 anos de ajudas e ombro cúmplice, a envolver-se com um director de jornal e de jornalistas, vendendo-lhes uma história de espionagem, e estabelecendo parcerias para a sua publicação selectiva. Isso é que parece suspeito. E isso é que fragiliza a política e os políticos.
Então, afinal de contas, quem é que manipula a informação? Que órgãos de comunicação social estão ao serviço de que forças partidárias. Tudo se torna mais claro com estas denúncias, com estas zangas de comadres.
Tal como há uns dias dizia neste mesmo espaço, os órgãos de comunicação social são empresas que objectivam o lucro, logo, têm patrões, e os patrões fazem tudo e mais alguma coisa para ganhar mais euros. Até mesmo vender a alma ao diabo, salvo seja.
Sejam felizes.