quinta-feira, setembro 10, 2009

coitada da Nélita

A quem serve a dispensa dos serviços da jornalista Nelita que, bem ou mal, e lá chegaremos, apresentava um programa televisivo, que eu creio ser de entretenimento, chamado JORNAL NACIONAL, às sextas-feiras?
O problema é complexo e deve ser visto sob as várias perspectivas que lhe detecto. Mas porque a minha vida não é isto e tenho pouco tempo...
Haverá outras possíveis abordagens, e tantas. Tão ou mais importantes do que esta… Mas é com esta que eu farei esta crónica.
Para que conste, excluo da discussão o mais elementar dela, creio, que é a questão da liberdade de imprensa. No plano dos princípios, nada a obstar. Pelo contrário. Da imprensa e da expressão. Foi para isso que uns líricos – entre os quais, pedantemente, me incluo, ainda que à posteriori – fizeram o vinte e cinco de Abril.
Mas aqui entre nós que ninguém nos ouve, a liberdade de imprensa é uma balela. Quando a dita imprensa tem patrões, por muito que lhe agreguem uma qualquer Alta Autoridade ou Entidade Reguladora, a consagrada liberdade será sempre coisa apregoada, mas muito pouco praticada. Os patrões são donos, e os donos querem lucros. O resto, são cantigas. Estão-se a borrifar para os princípios. Vendem as suas notícias e põem-nas ao serviço de interesses negociados. Bem entendido que as notícias são escritas por jornalistas. Mas os jornalistas, sobretudo os precários ou os que têm situação laboral precária, são escolhidos, seleccionados pelo dono do órgão de comunicação, em função das suas motivações, da sua muita ou total permeabilidade ética, e da sua condição salarial. Creio que cada vez menos entram na equação as suas competências profissionais. Quando as há, há, e felizmente ainda as vai havendo, mas se não as há, não tem importância, outras características do jornalista serão consideradas e trarão lucro aos patrões, ou seja, aos donos. A TVI, ou outro órgão de comunicação qualquer, tendo objectivos comerciais e um patrão que tem muito a ganhar e não quer perder um tostão, está-se borrifando para a liberdade da imprensa, ou o que quer que ela signifique.
O caso, precisamente, do Jornal Nacional da jornalista Nelita é paradigmático e é um caso gritante de confusão de papéis e de estatutos, entre a opinião e a notícia. Sócrates, bem entendido, não é santo nenhum, mas a dita jornalista, tão pouco. Aquilo cheirava a perseguição em nome próprio, mas que igualmente falava por alguém. E mesmo que não falasse por alguém, não o posso dizer com esta certeza, falava de uma maneira que a liberdade de imprensa não pode consagrar.
O primeiro-ministro, porque o é, também não pode reagir como o fez. Mas eles estão bem um para o outro.
Do ponto de vista da qualidade do serviço prestado, creio que nem vale a pensa gastar tinta nem com mais uma linha. Aquilo era péssimo, abaixo de cão, queira isso significar o que quer que seja, e pronto.
Mas então, quem é que mandou calar a Nelita? A quem é que interessa o silêncio da Nelita? Aqui entre nós, ao Sócrates é que não é. Creio que por ele, era preferível os guinchos da jornalista, a este silêncio ensurdecedor que lhe está a dar cabo dos poucos votos que irá ter nas eleições legislativas.