quarta-feira, julho 08, 2009

20 anos de rádio universitária

A Rádio Universitária do Minho emite regularmente desde há vinte anos.
Pronto. Acontece aos melhores. Quer dizer: aguentarem-se durante duas décadas, fieis a um propósito, mesmo que esse propósito se afirme, e se afine, com as mais variadas pessoas que vão chegando para trabalhar na estação, e para a dirigir, e afirmá-la, apesar das enormes dificuldades que se apresenta dirigir o que quer que seja, para mais uma coisa como esta, uma coisa da fala, coisa cantante, plural, democrática, universal, cultural, generalista, das margens, logo, alternativa.
Estes eram os conceitos (associados a outros tais) que marcavam o imaginário de todos os que tiveram importância na rádio que se fez, e que eram todos, porque como bem me recordo, fazia-se nesses tempos a apologia da responsabilidade partilhada, e foi nesse contexto que tantos de nós cresceram, erraram e aprenderam, repetiram para poder falhar cada vez melhor (como diria o senhor Becket), numa velocidade incrível, como só o sabe e o experimentou quem, neste minuto, está já a construir o minuto seguinte, e assim sucessivamente, numa vertigem paraquedista.
Tudo isto é normal, nada de mais, vinte anos não são mais que vinte anos, uma sequência de dias, de semanas, de meses, repetidos vinte vezes. O mundo está farto de passar por experiências semelhantes, já não se admira.
De diferente… de definitivamente diferente, está o facto de eu ter estado lá, naqueles dias distantes e tão próximos de paixão atoleimada, e sobretudo, de já se terem passado vinte anos desde que alguém carregou no play na primeira canção, abriu o microfone para dizer a primeira baboseira. Eu estava lá. E desde esse dia, já e passaram vinte anos. Uáu!
É certo que desde 2000 abandonei os caminhos diários da rádio. Já não me movo naqueles corredores como antigamente, nem, antes deles, nas saletas minúsculas dos anteriores estúdios da rum, na antiga sede da Associação na Afonso Henriques, que também frequentei, não tanto para fazer rádio, que isso era coisa que já raramente se fazia por ali (naqueles tempos), mas para ouvir a música que sobrara, a pouca que ainda por lá havia, em vinil riscado aqui e ali, mas que dava gosto ouvir, enquanto se bebiam cervejas compradas no bar a preços frescos, se conversava e se sonhava com a rádio a sério.
Vinte anos depois, aqui venho, prestar tributo a esses tempos. Desejar que outros vinte passem por estas memórias, que sejam também eles memória nostálgica para outros que por lá já estejam, ou que venham a estar.
Vinte anos depois, e sem dizer um único nome, quero prestar homenagem aos que ergueram a utopia daquela rádio. E dizer-lhes que os tenho, a todos, na gaveta das minhas mais gratas recordações. A esses e aos que vieram depois deles, que se cruzaram comigo por lá, que cresceram ao mesmo tempo que eu e, solidariamente, me ajudaram a crescer.