sábado, abril 25, 2009

quem nunca foi multado pela AGERE, que atire a primeira pedra

A AGERE, porque me tem em grande consideração, [isto é duvidoso], e porque deve estar sem cheta, [isto é certo, e por isso a precisar de uns trocos. Eu sei como é, as diversas histórias de desorçamentação saltam para a rua como pipocas e, por isso, toca a ir ao pilim, acontece o mesmo com a polícia, mais ainda com a polícia municipal (eu pergunto-me porque raio tem de haver tantas Polícias. Note-se que eu não disse tantos polícias…)], mas dizia eu que a AGERE, fruto da extremosa consideração em que me tem, resolveu surpreender-me e presentear-me com uma multa. Vai daí, apanhou o meu lixo em contra-mão, quando ele estava de costas, distraído, à espera que um camião passasse, assobiava até, e, zás, multou-me. Digo o meu lixo, mas pode não ter sido. O que é facto é que um fulano, fiscal, vasculhou o saco (se é que era saco) na paragem do autocarro para lixo (uma estrutura e ferro, levantada do chão à altura de um metro, que o condomínio comprou há uns anos), e encontrou nele - não sei se nas cascas de maçã ou nos papeis amarrotados - o meu ADN. E vai daí, na presunção de que o lixo era o meu, multou-me. Cinquenta euros, mais coisa menos coisa. Eu, não tugi nem mugi. Paguei. Nem protestei. Ainda falei com duas ou três pessoas que me disseram que era uma perda de tempo, para além de ser uma carga de trabalhos, e que assim e que assado. Só uma delas me disse que sim senhor, que valia a pena ir falar com não sei quem, que esse não sei quem resolveria o problema. Eu por via das dúvidas, paguei. Fiquei uma hora na bicha da loja do cidadão, [sim, que isto e pagar multas, ainda exige que faltemos ao trabalho], e pimba. Toma e não arrotes.
Não protestei, nem vou fazê-lo. Vou só falar mal da empresa sempre que puder (no Diário do Minho, curiosamente, estava uma breve notícia a gritar que a AGERA estava a facturar a muitos clientes, serviços que não cumpria. É pedir indemnizações, senhores, sem piedade). Que eu, como bom português, debato-me sempre um poucochinho. É uma escola. Às vezes, por medo ou desconforto, tão poucochinho que, à vista desarmada, até parece que não mexo nem um cabelo. Mas estremeço. Por dentro. A eles é que tanto lhes faz: seja pela frente ou seja por trás (cito uma canção dos d’zart), o importante é a multazinha.
Mas vamos lá a ver: eu até entendo que seja necessário cumprir uma baliza temporal para botar o lixo na rua. Claro que sim. E eu, apesar de estar em Lisboa, não cumpri. Pronto. Tenho centenas de testemunhas. Espectadores. Mas não cumpri. Ou alguém por mim, o que vem dar ao mesmo.
O problema, acho, é outro. Como é que eles multam? Vasculham o lixo das pessoas. Ok! Mas o que é a prova? A prova seria verem, ou alguém ver-me colocar o lixo na rua. Só que ninguém viu. Não podiam, porque eu não estava lá. Então o que foi que o senhor fiscal fez? Vasculhou o lixo segundo o treino extensíssimo em vasculhamento de lixo que fez na academia da AGERE, que é quem GERE esta coisa toda, e encontrou, no meio dele, algo que me incriminou. Encontraram, entre os despojos da minha guerra, papeis com o meu nome. Provavelmente um envelope recebido, notificando-me de alguma coisa, publicidade, sei lá. Mas, vamos lá ver, qualquer pessoa podia ter na sua posse, envelopes com o meu endereço.
E é assim que se ganha um dinheirito extra.
É uma regra de ouro da administração portuguesa da coisa pública. Quando o orçamento não chega, aposte-se na espionagem.

1 Comments:

Anonymous Armando Nina said...

A vigiar os contentores junto da ESCA devem ter ou uma câmara de filmar ou algum bufo.
Fiz uma experiência: pus-me a fingir em tirar fotos ao abarrotar da papeleira e nem 5 minutos decorridos aparece um bólide com uma jovem fiscal da AGERE (no tempo em que ainda a R. da Restauração tinha sentido ascendente), quiçá para verificar os factos e identificar o desalmado que estava a comprometer a honorabilidade da AGERE/BRAVAL.

11:47 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home