segunda-feira, abril 06, 2009

a mulher sem cabeça

Há momentos assim. Não que já tenha experimentado coisa semelhante, mas (sei que) há momentos em que, quimicamente, de uma forma natural, por força de um acontecimento traumático ou qualquer outro que nos colhe, nos abstraímos de tudo (até de nós próprios) e apenas vogamos, lentamente ou de forma tumultuosa, ao sabor não se sabe de quê, sem que nada (ou quase) que nos ligue ao que quer que seja, coisa terrena ou outra qualquer.
É disso que grita A MULHER SEM CABEÇA, um filme de Lucrécia Martel, uma cineasta argentina, que experimenta, com esta obra, a sua terceira longa-metragem. No ípsilon de sábado pode encontrar-se uma longa entrevista com esta realizadora de que eu nunca tinha ouvido falar – ou se ouvira, não fixara – e cuja terceira obra (o jornal, e o jornalista, falam das duas primeira com grande entusiasmo) é demasiado interessante para deixar passar em claro. Uma voz que interessa ouvir. Um cinema que emerge.