quinta-feira, agosto 06, 2009

o tino de i

«As contas fazem-se no fim», poderia ter dito Isaltino de Morais, depois de ter sido sentenciado a sete anos de prisão efectiva, esta segunda-feira, na sequência de uma decisão de um tribunal, ainda que essa decisão seja passível de recurso – recurso já activado, senão o sentenciado não se poderia passear no exterior do tribunal de charuto fumegante ora na mão ora na boca.
Isaltino, na segunda à noite, em conferência de imprensa, terá dito, enquanto clamava justiça, «a política à política, e a justiça à justiça », querendo com esta afirmação, separar as águas, num processo que, na sua opinião, está excessivamente misturado e que, a fazer caso do que defende, serve para fazer dele bode expiatório, exemplo para os demais políticos que, sem que o soubessem, – ou como gostam de dizer, Isaltino inclusive -, «não tiveram consciência do ilícito – a ser ilícito - em que estavam a incorrer».
Isaltino poderia ter ido mais longe e, citando Fidel, poderia ter declarado com ênfase apropriado, que «a historia o absolverá».
«O absolverá» perante a justiça, uma vez que aos olhos do povo, pelo menos do povo eleitor, ele está mais que inocentado. Ou pelo menos, desculpado, o que é coisa – como se sabe - bem diferente.
E na verdade, Isaltino é apenas mais um no extenso rol de autarcas – a lista não se fica apenas pelos autarcas – que foram apanhados com o pé na argola, embora mais justo seja dizer, com a mão na massa. Só depois de apanhados com a mão na dita, literalmente, é que, porventura, a justiça os obrigaria a enfiar o pé na argola. Mas isso, são contas de um outro rosário. E os casos que sirvam este exemplo, são poucos, senão mesmo nenhuns. Basta recordar os nomes de Isabel Damasceno, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Ferreira Torres, e tantos mais. Uns, mais conhecidos que outros. Outros mais merecidos que aqueles uns.
Até agora, com mais ou menos dificuldades, estes casos redundaram em fumo, coisa que desaparece ao sabor do vento, apenas fica dele o cheiro e durante um curto período, e mesmo esse, mais dia menos dia, diluir-se-á, lavado pelas águas de colónia que a massa em cuja mão meteram, dá para comprar.
E o povo, esse, vai votando nos mesmos, num exercício estranho. Desculpabilizando-os. Talvez pensando que, estes que agora elegem, se já corromperam ou foram corrompidos em algum momento da sua vida, poderão resolver o problema particular de cada um. Uma mão lava a outra, diz o povo. Eu voto agora nele, pensarão para com os seus botões, para que a seguir, o votado, nos a ajudinha de que podemos vir a necessitar.