quinta-feira, janeiro 01, 2009

bom ano

A general motors, empresa norte-americana que emprega milhares de trabalhadores, – e que nos últimos anos tem vindo a comprar este mundo e o outro no que à indústria automóvel diz respeito, na América e no mundo, – está à beira da falência. Dizer à beira, talvez seja um eufemismo primário porque, segundo julgo saber – e a acreditar no que a imprensa económica tem vindo a dizer –, a empresa já ultrapassou todos os limites da racional sobrevivência, e estava, até há poucos dias, a experimentar os estertores de uma morte anunciada.
Lá, como cá, o Estado resolveu, a bem da economia – disseram – ajudar as seguradoras e a banca, entendendo-as como pilar económico fundamental de salvaguarda de uma qualquer estabilidade em vias de perda. E vai daí, lá como cá, toca a abrir os cordões à bolsa, nacionalizando prejuízos, mas deixando os mais interessantes activos nas mãos dos capitalistas habituais, que nisto de salvação económica, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Se se puderem salvar uns quantos anéis, que se lixem dois ou três dedos, sobretudo se os dedos forem seleccionáveis e, portanto, aqueles que parecem - aos Estados - mais sem préstimo e, por isso, dispensáveis. Se não houver automóveis, de que serve o polegar? Boleia? Tá bem...
Ora, com esta deriva das nacionalizações, ficam de fora todas as empresas, as mais e as menos poderosas, contando que não sejam umas nem outras, ou seja, nem bancos nem seguradoras.
De fora fica, pois, a general motors.
Ai ele é isso?, pensaram os accionistas da empresa. Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Se bem o pensaram, melhor o executaram. Desde vinte e cinco de Dezembro, há portanto meia dúzia de dias, a crer na notícia que ouvi em rodapé na rádio – como se houvesse rodapé na rádio –, que a general motors é um banco. Não sei como é que fizeram a operação de mudança de sexo, nem sei que sexo corresponde a uma empresa, por muito grande que seja, cujo objecto é a construção de automóveis, nem que sexo corresponde a um banco, mas com a bênção do tesouro americano, a empresa que até agora construía carros, passa a ser banco, em condições, portanto, de se candidatar aos apoios estatais disponibilizados.
É isto, ou não é, um verdadeiro milagre de Natal?
Meditação:
Enquanto no nosso país não existir, e se trabalhar, com esta criatividade, enquanto continuarmos tacanhamente a pensar que alhos são alhos e bogalhos são bogalhos, não chegaremos longe.
Isto sim, isto é que é simplex.