sexta-feira, outubro 31, 2008

a caça

Quase sessenta milhões de euros, foi quanto rendeu o total das multas de trânsito que as diferentes polícias empreenderam até Setembro deste ano, aumentando substancialmente a receita relativamente ao ano passado.
Em tempo de crise, e apesar do constante aumento dos combustíveis, também as polícias investiram musculadamente numa receita extraordinária variável, mas que o é cada vez menos porque, tal como em outras instituições, estatais ou para-estatais – veja-se o caso da ASAE que consagra no seu orçamento as receitas estimáveis, provindas, igualmente, dos autos instaurados e das multas bem cobradas – são fundamentais para o seu pleno funcionamento e, sem as quais, a estrutura financeira que os orienta colapsaria antes de terminado o prazo do seu funcionamento regular.
E isto, esta necessidade de receita, traz à equação, perversidades impensáveis há meia dúzia de anos. È certo que já se ouvia falar de alguns desvios quase inocentes, nomeadamente a propósito da aplicação das multas. Que uma percentagem do cobrado, revertia para um fundo policial de segurança social dos agentes, etc. Isso era o que constava, nas conversas des-esclarecidas dos populares, no afã de ocupar o seu tempo nos transportes públicos, ou nas filas das finanças, sem que morressem de tédio. Já se sabia que em algumas cidades, as recém criadas polícias municipais eram bastante caninas na procura de carros mal estacionados, na utilização indiscriminada do reboque ou do imobilizador automóvel, e que essa seria uma das fontes de sobrevivência financeira dessas recém criadas empresas municipais; Mas o que agora acontece, com a publicação das contas a que todas elas estão obrigadas, é que das três, uma: ou os cidadãos, apesar de terem cada vez menos para gastar, num momento em que os cintos apertam até à respiração se tornar impossível, gostam de – anarquicamente – violar todas as regras e gastar o que não têm em multas; ou há muitos mais carros em circulação, mas desmesuradamente mais; ou as polícias apertaram a malha, e no crivo da justiça, pouco peixe passa, sem que, se abusado, coma pela medida grande.
A nossa desconfiança é que, igualmente, ultrapassa o território da mera observação do facto, e assume foros de certeza absoluta, numa revolta que a boa educação não consegue silenciar.
Tem de haver alguém que os pare.

1 Comments:

Blogger Teresa Lobato said...

Bom, Durães, não vou comentar o teu artigo. Quero dar-te um abraço por este encontro na blogosfera! Ficarei tua/vossa leitora.

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Teresa Lobato Lopes

12:24 da manhã  

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