quarta-feira, julho 23, 2008

férias?

Foi uma maratona dura, aquela que os senhores deputados da nação sofreram no último dia de parlamento, tratando de aprovar uma data de regras, antes de partirem descansados para banhos. Quarenta e dois quilómetros delas, mais uns metrinhos de decretos, para acertar calendário.
Eles que, por sinal, até tinham mais em que pensar, aflitos como estão, pelo menos a grande maioria deles, os do chamado centrão, – ainda que um centrão informal, apenas matemático, nada ideológico, – entre a vontade de Alberto Martins, líder da bancada socialista, em fazer a assembleia reflectir acerca do matrimónio homossexual, e as palavras da nova presidente do pê esse dê, Manuela Ferreira Leite, mais conhecida como a irmã de Dias Ferreira, para quem o matrimónio só faz sentido se tiver como objectivo a procriação. Assim sendo, deduzo, a possibilidade dos casamentos gay está para o partido dos descendentes políticos - que não ideológicos - de Sá Carneiro, absolutamente fora de questão.
Ao pé destas duas posições, as palavras de Vítor Constâncio sobre a necessidade de voltar a pensar-se na hipótese do nuclear, são coisas absolutamente inócuas.
Não sei quem está mais à vontade com a questão. Deduzo que Alberto Martins, até pela diferença de idades entre os dois, mesmo que o facto de se ter menos anos de vida não signifique que se seja mais novo, com pensamento mais livre, menos formatado por modelos que o tempo de encarregou de fazer cristalizar.
E esta, sendo uma velha discussão, uma discussão que entronca com outras onde, a pouco e pouco, temos vindo a evoluir, vai marcar a agenda dos próximos tempos. Sobretudo por vivermos paredes meias com países onde essa prática está absolutamente assimilada, e por sentirmos, na nossa vida de todos os dias, os muitos casos onde a inevitabilidade de uma reflexão profunda nos faça dar passos, ou negá-los, à luz de uma informação que neste momento, porventura, ainda não possuímos suficientemente eslarecida.
O que podíamos era passar este verão sem esse problema na cabeça, a pedir decisão urgente, e a ocupar-nos um pedaço, grande, da nossa atenção solar.
Malditos políticos. Nem nas férias nos deixam sossegados.