terça-feira, junho 24, 2008

densidades populacionais

Os países, como os seres vivos, envelhecem a olhos vistos. Mais um dia gozado, menos um dia para gozar.
E envelhecem porque as suas instituições se cansam, fragilizam, colapsam se não forem reparadas a tempo, substituídas, alteradas, melhoradas.
Onde se sente de forma mais clara esse envelhecimento é, obviamente, na população, nos homens e as mulheres que constituem as suas gentes. Hoje mais do que ontem, e ontem mais que anteontem – excepção a um livro da Bíblia, onde se contam as idades de uma série de gente, e se diz que viveram até idades inverosímeis – mais Homens (com agá grande, abrangente) vivem até mais tarde, ainda que se queixem mais dos bicos de papagaio que os atormentam, reumático, osteoporose e outras doenças degenerativas. Os Homens movem-se mais lentamente, mas andam; a sua escala de valores modifica-se (os bancos de jardins, por exemplo, ficam super valorizados e passam a ser disputados como sendo, de entre os bens públicos, um dos mais apetecíveis), as prioridades diferem, e modificam-se, por isso, claro, todas as regras de socialização.
E isso acontece por mil e uma razões: porque, com os avanços que a medicina proporciona de forma cada vez mais incisiva, se vive mais tempo, com mais qualidade e, até, cada vez mais tarde; e porque, com as crises sociais e económicas que se sofrem, se fazem cada vez menos filhos, mais tardiamente, por força das carreiras profissionais, do conforto e equilíbrio das suas vidas, etc etc etc. Está certo que antigamente também havia crises e nem por isso a população decresceu… Alguns recuos populacionais devem-se mais a grandes epidemias que a outra coisa qualquer, mas o número mais ou menos normal da população logo era retomado, graças ao labor das gentes empenhadas e, sobretudo, à ausência de televisão ou outras distracções similares.
Em Portugal, há mesmo localidades que criaram já, inclusive, incentivos à natalidade, oferecendo prémios variados, benesses apelativas e, antes disso mesmo, emprego a jovens casais, casa, apoio, e eu sei lá que mais. Há outros locais que não se lhe vislumbra salvação possível, de tal modo os seus habitantes estão reduzidos a meia dúzia de velhos que fazem questão de ali acabarem os seus dias. E depois, ponto final. Provavelmente parágrafo.
Mas há sítios que, para inverter esta tendência, têm outro tipo de abordagem e, parece, com resultados muito mais interessantes. Alguns com prejuízo pessoal dos povoadores.
Por exemplo: Em Portugal, e mais precisamente em Trancoso, em anos idos, o Padre Francisco da Costa, de 62 anos, foi acusado de ter desrespeitado o seu papel de padre e ministro da Igreja, e feito filhos ao Deus dará, salvo seja... Mais precisamente 299 (214 raparigas e 85 rapazes), de 53 diferentes mulheres, entre as quais se contavam 29 das suas afilhadas, 5 irmãs, 9 comadres, 7 amas, 2 escravas, uma tia e, pasme-se, a própria mãe. Consta que o Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou em liberdade (por curiosidade, no dia 17 de Março de 1487), porque ajudou, dizia o édito real, a «povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo».
Mais recentemente, num grupo grande de raparigas de uma cidadezinha americana chamada Gloucester, resolveram engravidar. Todas até ao fim do ano. Este pacto, mantido em segredo enquanto foi possível, foi já concretizado por 17 delas, todas com idades até aos 16 anos, e supõe-se que o número engorde, isto é, engravide. Como conseguiram elas arranjar parceiros, é a dúvida que persiste. Afinal, eram quase todas menores e o acto sexual nos estados unidos, só não é castigado pela lei se os parceiros tiverem mais de 16 anos. Ora, neste caso, uma das duas partes envolvidas (as moças) estão todas abaixo dessa fasquia.
A não ser que o nosso padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, tenha ido até Gloucester, fazer umas férias. Não há um filme recente onde os tempos são misturados e o que era passado, é agora presente, dialogando com ele e conflituando mesmo?
Na América, onde tudo é em grande, tudo é possível.