segunda-feira, novembro 17, 2008

pouca educação

Cento e vinte mil professores estiveram na semana passada, nas ruas de Lisboa, envolvidos em manifestação gorda, que a bulimia atávica da ministra da educação alarvemente regurgitou, como é, aliás, seu costume.
Tão capaz, como ela, de lançar fora o que os estômagos autocráticos não conseguem resolver, o primeiro-ministro contra manifestou-se imediatamente em Coimbra na primeira oportunidade que se lhe ofereceu, amparado pelo aparelho socialista, incapaz já (por tão peneirado e refinado que está) de fazer mais que amparar as cabeças estonteadas dos seu líderes, no gesto convulso do regurgitamento.
A intervenção do primeiro-ministro não tem explicação. Nem a mudança de rumo anunciada por Manuel Ferreira Leite, – a autora absoluta do conceito de silencio enquanto discurso recorrente e caudaloso, - que antes dizia fragilizar o governo e a sua autoridade, qualquer amaciamento nas relações com os sindicatos, que se querem musculadas e firmes, argumentando desde sábado, (viajando à boleia da manifestação), precisamente o contrário, mudança essa que permite a Sócrates o ataque aos professores, tal como o desenhou, aproveitando e batendo na sua oponente com a propriedade habitual.
A seguir, foram os alunos, a descer a rua, manipulados ou não, mesmo que não soubessem porque razão é que estavam ali… Afinal de contas, bastava o facto de garantidamente usufruírem de um feriado extra calendário… E quem é que não gosta disso?
O que é um facto indesmentível, é que sem professores, não há educação. Se o estudante, o aluno, é o agente central do processo educativo, não é menos verdade que, sem o professor, se extingue o estatuto do aluno e o seu protagonismo. Um, sem o outro, não sobrevive, porque não existe. Ostracizar uma das partes, como parece estar a fazer a senhora ministra, faz desmantelar esta equação. E nesse gesto suicida, a senhora faz tombar por terra a necessidade da sua própria existência: para que há-de servir uma ministra da educação, se não houver educação. Ou se a educação estiver entregue nas mãos de particulares? E é aqui que pode residir a chave para o problema…
Ao afirmar que, naquele sábado de luta, e perante a informação dos milhares de professores na rua, não terá sido aquele «o seu pior dia», a ministra garante a vida difícil que tem tido.
Nestas condições, e em mero exercício de compaixão, o melhor é tirar-lhe de cima dos ombros, a razão de tanta crispação, de tantos dias difíceis.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Tenho o prazer de vos convidar para a apresentação do livro "O peso da Nuvem" de Ana Marta Fortuna da editora Alma Azul no dia 03 de Dezembro 2008 pelas 21 horas no espaço de intervenção cultural - Maus Hábitos (Rua Passos Manuel 178, 4º andar
4000-382).
A apresentação está a cargo do escritor e fotógrafo Pedro Ferreira.
Conta com as leituras de Pedro Saavedra e dos alunos da ESMAE Inês Neves, Sara Reis e Teresa Vieira.

6:09 da tarde  

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