domingo, dezembro 14, 2008

atchim... santinhos

(ou)Vi, a este propósito, Almeida Santos, na TV. Que o melhor seria não se marcarem votações para as sextas-feiras, disse. Que os deputados ganham muito mal, afirmou. Que não podem abdicar das suas vidas, acrescentou, dando como exemplo o caso dos advogados, obrigados a optar entre o tribunal – a sua profissão – ou uma sessão na assembleia. Que devia ser atractivo ser-se deputado, para chamar para a política as melhores cabeças…
E eu pergunto-me: mas os deputados, são-nos compulsivamente? Foram obrigados a candidatar-se?
E, beliscando-me, questiono-me outra vez: ganham mal? Então, e os professores? E os operários? E os actores? E os padeiros? E os funcionários públicos? E os agricultores?
E o que é que significa a expressão «as melhores cabeças»? Pedro Santana Lopes? Morais Sarmento? Esse Qualquer Coisa Neto (peço desculpa mas não sei o nome do senhor deputado)? E etc?
Deputar de terça a quinta?
Não há paciência. Este domingo de manhã, havia uma raivazinha na minha revolta. Agora que já passou, ficou apenas o carácter da anedota.
O que se passa, é que Almeida Santos está por tudo. Pertence ao sistema, gozou das suas benesses toda a sua vida (pelo menos, a sua vida depois do 25 de Abril), e já pode dizer, sem qualquer tibieza, o que realmente pensa, tal como o que os demais pensam, sem que o possam dizer. É isso o que os distingue.
E eu pergunto-me, finalmente: foi para isto que se fez o 25 de Abril?