terça-feira, novembro 28, 2006

recordes

Há coisas apetitosas, verdadeiramente incontornáveis, nos nossos gostos mais íntimos de portugas típicos. Não resistimos a algumas coisas, por muito finca-pé cultural que façamos, essa é que é essa. Nós, os portugueses típicos, não resistimos ao que é bom.
(Mas o que é bom para um português very tipical, não é bom para um outro ser minimamente inteligente, sejamos francos.)
A um bom cozido á portuguesa, por exemplo. Aliás, no campo gastronómico, resistimos a muito pouca coisa. À medida que fosse, agora mesmo, desfilando uns quantos pratos mais ou menos típicos da gastronomia portuguesa, estou certo que provocaria alguns sorrisos deliciados em muitas das caras que agora apenas são, para mim, pares de ouvidos, e muitas salivações enganosas;
Não resistimos, igualmente, fora das coisas do estômago, a uma boa fila, ou bicha, num sítio qualquer, sobretudo se isso significar «coisas de borla» ou mesmo em saldo; não resistimos a uma boa tarde de domingo passada num hipermercado; não resistimos a uma tentativa de recorde, qualquer que ele seja, e, por via disso, a fazer parte do livro dos recordes, o guiness, e a imortalizarmos esse nosso arrojo.
Destas coisas todas, talvez que a mais apetitosa seja mesmo esta última. Talvez porque é uma das mais recentes e, por isso, das mais queridas.
E na verdade já fizemos quase tudo para integrar o livrinho. Creio que uma das primeiras tentativas que ousámos, foi cozinhar uma grande feijoada e comê-la na ponte Vasco da Gama acabadinha de construir (acho que ainda nem inaugurada tinha sido). Aqui, levámos muito longe a nossa capacidade de sonhar e realizámos dois dos nossos sonhos num só gesto, o que não está ao alcance de qualquer um: comer muito e integrar o livro por isso mesmo.
E continuámos a desafiar-nos.
Já fizemos a maior broa. A maior pizza. A maior estrutura de metal para assar castanhas. A maior árvore de natal. O maior túnel. O maior bolo-rei. A maior concentração de pais-natal. O maior duche colectivo de polícias fardados (este não deve contar, mas aqui fica registado). Concretamente, em Baga já tentámos fazer a maior francesinha do mundo, e com êxito. Consta que não sobrou nada.
E agora, a cereja no topo do bolo: batendo colossos como o Manchester United, o Real Madrid, Barcelona, Bayer de Munique, e outros de menor dimensão como o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal, desde há uns dias a esta parte, o Sport Lisboa e Benfica, é o clube com mais associados no mundo. Cento e sessenta mil.
Nos tempos que correm, esta é uma notícia e peras.