sexta-feira, novembro 24, 2006

Há uns dias atrás, o presidente do governo regional da Madeira deu um show tremendo na televisão pública. Em entrevista transmitida em directo, o licenciado em direito pela escola de Coimbra, a mais clássica, a mais tradicional e, quiçá, a mais importante do país, deu um autêntico espectáculo em finanças e economia, esgrimindo uma folha – ou, várias folhas – cheias de tabelas que as suas próprias mãos terão laboriosamente desenhado, esforçadas em fazer riscos direitos, contas bem apresentadas, conclusões arregimentadas à força de canetas de feltro coloridas. Impressionante.
Tudo a propósito da lei de financiamento das regiões, que passam agora a realizadas a partir de equações ligeiramente diferentes, com partes que determinam somas novas. Feitas as contas, o senhor presidente concluiu que iria ficar sem não sei quantos milhões de euros durante não sei quantos anos e estava, verdadeiramente, possuído.
De repente, fez-me lembrar daquela anúncio a um queijo. Nos spot’s televisivos, sempre que se pergunta a qualquer um dos queijeiros presentes nos anúncios, coisas tão prosaicas, mas distantes deles e das suas realidades sócio-culturais, como, quem é o presidente do tribunal constitucional?, respondem coisas que têm a ver com o trabalho que fazem, coisa de queijo, distantes da realidade inquirida e incapazes, obviamente, de estar em sintonia com ela. Assim era o presidente do governo da madeira. Se lhe perguntassem sobre queijo, responderia com as suas contas laboriosamente engendradas, copiadas com letra de bom estudante para aquelas folhinhas: auxiliares de memória como os estudantes lhes chamam; cábulas como outros entendem chamar-lhes mais prosaicamente.
Alguns dos seus irmãos na insularidade, perante a mesma lei e feitas as mesmas contas (a escola será a mesma), logo vieram desfraldar a bandeira do separatismo.
Já não há pachorra p’ró bicho da madeira (com todo o respeito, que é uma palavra que junta o rés – coisa quase - ao peito).
O melhor, caros madeirenses, é um tratamento mais radical. Isto não vai lá com analgésicos, mesmo que na origem da palavra esteja o termo anal. O melhor mesmo, contra a promessa de uma nova FLAMA, o infalível anti-inflamatório, é o Quitoso. Tanto dá para piolhos como para o caruncho.