sábado, setembro 09, 2006

notas de viagem 10

AS AVENTURAS DE UM AGENTE IMPORTANTE CHAMADO ERNESTO

10. diversos


Há muita coisa que não tive oportunidade de lhe contar, Chefe, mas ainda assim, antes que termine este relambório de tantas informações, aqui ficam, dispersos e a retalho, algumas curiosidades com que me deparei e que me parecem passíveis de constar num documento deste jaez (estou a escrever bem que me desunho, Chefe. Vi esta palavra numa entrevista a um dirigente desportivo e quis usá-la. Não ficou mal).

Por exemplo:
Numa catedral de uma cidade qualquer, achei estranho uma placa no meio da nave, a grande altura, coisa construída para ir sendo mudada, com uma moldura sofisticada, e uma espécie de grelhas onde se encaixavam umas quantas placas, cuja organização permitia desenhar umas quantas informações esquisitas:
142
24
78
14
17
121
Que quereria aquilo significar?
Felizmente que alguém se esqueceu, no lugar que ocupara, um daqueles livros de orações, que têm uma espécie de apêndice com muitos cânticos. Fui procurar aqueles meridianos e lá estava: eram os Cânticos do dia, qual karaóque religioso, onde se preanunciavam as músicas e a respectiva sequência.
Ámen.

Outra:
Que a Irlanda é um país católico, já o tinha escrito sobejamente.
Mas que em cada quarto, na mesa-de-cabeceira, estivesse presente uma Bíblia… Mas estava. Creio que essa presença é muito habitual nos hotéis, que são coisa que não cheguei a frequentar. Passei o tempo em B & B, como em capítulo anterior lhe relatei.
E em pleno centro de Dublin, há, como em Portugal, lojas de artigos religiosos. Em inúmeras igrejas, um dos santos referenciados, é Sto. António de Lisboa. Para além, claro, de Nossa Senhora de Fátima. O homem que nos alugou o carro, disse que todos os anos vinha a Fátima, em razão de uma promessa feita e respondida pela Virgem.
No aeroporto, um dos destinos predilectos dos irlandeses que saíam de Dublin, era Lourdes.
Se o Governo de Portugal, em vez de querer fazer um aeroporto na OTA, para onde ninguém quer ir, decidisse construí-lo em Ourém, (ou lá perto), é que ganhava. Mas este governo não percebe nada de destinos turísticos, e o Chefe desculpe esta intromissão em terrenos políticos, mas estava-me mesmo à mão e se não o dissesse, ainda me engasgava.

(…)

Já não sei onde foi. Mas para estacionar o carro, não encontrava nenhuma máquina de bilhetes. Subi a rua uma data de vezes, e nada. Nem uma maquininha. Não havia ninguém a quem perguntar o que quer que fosse porque, num hotel da rua, uma equipa de bombeiros recolhia o material, escadas inclusive, que terão servido no combate a uma pequeno incêndio ou num exercício de preparação, não sei. Finalmente lá descobri um interlocutor. Perguntei-lhe e ele indicou-me uma loja onde se comprava estacionamento. Era uma casa de jogo. Das que vendem apostas em corridas de cavalos, disto e daquilo, que os irlandeses são uns viciados na adrenalina do jogo. Comprei o bilhete e, só Deus sabe a pena que tenho de não o ter aqui para apensar ao relatório. Era uma raspadinha. Pagávamos quatro horas de estacionamento e depois raspávamos o dia em que queríamos estacionar, e as tais quatro horas, bemn assinaladas nos intervalos horários. E podia sair-nos prémio. É uma bela ideia, não acha?

(…)

Andar e carro na Irlanda é lindo. Já lhe disse que é tudo ao contrário. Mas ainda não lhe disse a anedota que é os limites de velocidade permitidos. Em estradas onde, obviamente, não se pode andar a mais de trinta ou quarenta (estradas de dois sentidos mas onde não há espaço para que se cruzem dois carros), o limite permitido era oitenta. Com curvas sem visibilidade nenhuma. E, para mais, sabendo-se que uma das características daquela zona irlandesa (o sul) há imensos carros com atrelados para transporte de equídeos. Nas falésias abismais de Connamara (que raio de nome), podia andar-se como se aquilo fosse uma auto-estrada. Eu acho que, porque não á auto-estradas na Irlanda (há apenas alguns quilómetros à volta de Dublin), eles resolveram dar a possibilidade aos condutores nativos a adrenalina da velocidade, onde, claro, não se pode andar depressa.