segunda-feira, outubro 04, 2010

uma chave(z) na fechadura venezuelana

Francamente. Eu não se o que se passa na Venezuela. Nem pouco nem muito... Pura e simplesmente não sei. E contudo, interesso-me. É bom que se saiba.

O que igualmente sei, ainda que de uma forma generalista, é que é de bom tom desconfiar de um governo que tem simpatias tão claramente demonstradas por um tipo de barbas chamado Fidel, Fidel Castro, mesmo que o homem esteja retirado do poder, abatido a golpes de charuto e rum por uma doença lenta e pela idade avançada que o foi desgastando, mas capaz das mais barulhentas revoluções até no silêncio do seu recolhimento revolucionário.

O que sei, é que a Venezuela, pátria de tantos portugueses, padeiros e outros, corre sérios riscos de encarnarização, avermelharização, afastando-se do mundo dito civilizado, e unindo-se a um grupo de países que, está provado, fazem do terrorismo espiritual a sua mais eficaz arma.

O que sei é que Hugo Chavez, é dele que falo, manipulador nato, populista quando precisa de o ser mas esquerdalho na pacatez bucólica do gabinete, vestidor e camisas garridas, se candidatou a mais umas eleições, coisa de fachada toda a gente o sabe, e preparava-se para se eternizar no poder, que era disso mesmo que estava acusado.

Importa dizer que a acusação já tem uns anos...

As eleições são, aparentemente, e como toda a gente julga saber, um gesto nobre de uma qualquer democracia. Condescendências necessárias. O povo em votos, faz desmaiar a sua vontade num urna qualquer e, a seguir, os seus desmaios são contados e ganha quem somar mais sins. Sem tirar nem pôr. E assim é que estaria mais ou menos certo, se fosse mesmo ‘sem tirar nem pôr’. Ora, sabe-se, é dos livros, que as eleições são coisa manipulável. ‘Põe-se e tira-se’ muito pela calada da noite de contagem. As chapeladas, assim chamadas por razões que desconheço, (talvez porque alguns chapéus dos escrutinadores ‘manipuladores’ tivessem escondidos mais boletins de voto preenchidos que piolhos), são o pão nosso de dada dia das democracias. Que por mais democracias que o sejam, não estão livres dessa (diria) inevitabilidade. Ainda mais num país como a Venezuela, onde um homem e um governo, põem e dispõem das condições para a prática de gestos quejandos. Mais ainda quando a Venezuela tem Hugo Chavez. Aliás, Chavez foi já acusado de inúmeros crimes destes. E doutros. E certamente, todos com razoabilidade. E se os não cometeu, poderia tê-los cometido.

Desta vez o sacaninha arranjou maneira de perder as eleições, mesmo ganhando-as. Ou seja, o homem precisava de ter dois terços dos votos para poder fazer passar leis fundamentas que o eternizassem no poder, e bem contadinhos, os votos tidos nas últimas eleições não chegam para tal tarefa. O tipo fez de propósito, é o que é. Só para não ser acusado deste desvio democrático. Sacana. Maquiavélico.

Ou de como os políticos mais empedernidos, só para não serem chamados de ditadores, de manipuladores de eleições, até se dão ao luxo de o não serem.

Raios!