domingo, setembro 19, 2010

de uma maneira e de outra

O estado português, não sei se bem ou se mal, decidiu criar mega estruturas escolares, inventou uma empresa para transformar as velhas instalações em espaços praticamente novos, aparentemente criou condições excepcionais para o ensino. Para tanto, sacrificou pequenas unidade de educação, aquelas que tinham menos alunos, menos do que um mínimo que estabeleceu sabe-se lá com que critérios (que os haverá, quero acreditar), mormente no ensino básico, obrigando os pequenos estudantes a fazer viagens, umas mais longas outras mais curtas, entre as povoações onde está sediado o agregado familiar de onde provêm, e a nova mega-escola que passarão a frequentar.

Esta politica e planificação educacional, acarreta questões que provavelmente não terão sido devidamente discutidas, deixa dúvidas aos pais e, mesmo, aos professores e demais parceiros no processo educativo, autarcas incluídos. Se é certo que, congregando meios, se melhoram as condições materiais das escolas, por outro lado, afastando as crianças dos ambientes que conhecem, em idades de tão grande fragilidade, física e emocional, obrigado-os a esforços que muitas vezes vão para lá da sua capacidade, colocam em causa a eficácia da recolha dos conhecimentos de que se querem possuidores. E, sobretudo, digo eu, fragilizam ainda mais as crianças

Em contrapartida, é curioso pensar que, em casos não exactamente semelhantes mas parecidos, o mesmo estado procede de forma oposta. Estou a lembrar-me da revolução operada num mega estabelecimento de ensino que o estado português tutela, e onde, depois de conhecidas as tremendas e criminosas condições de protecção dos alunos, determinou agir exacamente em sentido contrário. Na Casa Pia, que é o estabelecimento a que me refiro, que se sabia ser uma instituição de descomunais dimensões, o estado faz de maneira oposta: dividiu a grande estrutura em pequenas células, de modo a possibilitar uma mais eficaz protecção e integração equilibrada das crianças no grupo, a partir de um espaço mais íntimo onde elas aparentemente estão mais defendidas, procedendo de modo a que elas sejam retiradas de um mundo sem rosto, a fornecendo-lhes o conforto da família possível.

Num sítio é assim; no outro é assado.

Qual das duas politicas é a correcta?

Tão importante é essa questão, como a experiência agora defendida. O que me inquieta é o défice aparente de reflexão, de pensamento, de doutrina.

O futuro dir-nos-à o que é mais certo.

Esperemos que sem remorsos nem arrependimento, como tantas vezes acontece.