quarta-feira, julho 28, 2010

funchalices 7

As ribeiras que em fevereiro de 2010 sofreram rombos violentíssimos, com a água caída em precipitação violenta, mas também – e principalmente – com o arrastamento dos detritos, pedras e demais volumes, são as mesmas ribeiras que hoje dão trabalho e dão a ganhar a uns quantos empresários que nela depositaram máquinas e aparelhagens, os maiores e, porventura, os mais disparatados lucros. As pedras que vieram (parecia que empurradas pelo diabo), já foram extraídas e usadas sabe-se lá em que obras, que deram dinheiro e geraram riqueza a umas quantas empresas.

O professor Domingos Rodrigues, de Braga, foi protagonista das histórias trágicas que da Madeira nos chegaram aquando das enxurradas. Desdobrou-se contactos com a imprensa, mais no afã de salvar gente, que na urgência de encontrar respostas. A tragédia, aliás, estava anunciada por ele, há mais de dois anos. Ele ensinou-nos o cuidado a ter em situação de catástrofe.

http://www.youtube.com/watch?v=xdVx3iuRTp8

Já não estava com ele há vinte anos. (Não conta termo-nos cruzado num comboio continental, numa viagem porto-lisboa). Procurei-o agora. Andava a medir pedras que foram arrastadas pela violência das águas, com jovens alunos um pouco de todo o país, voluntários, na tentativa de perceber. Para prever.

(...)

Três ribeiras (as que eu vi), três leitos violentados e (tan-tan-tan-tan) três empresas a lucrar. No Funchal, como em Braga. Nesta ou naquela matéria. Alberto João e Mesquita Machado: dois partidos, duas regiões, mas o mesmo instinto, a mesma visão da coisa pública, o mesmo sentido de política, a mesma oportunidade.

Mas não me ponham na pena o que não escrevo. Porque não ouso, porque não sei.